“A nossa campanha do ano passado foi um sucesso por causa da unidade dos
bancários em todo o país. Vamos estreitar a unidade e construir uma
mobilização ainda maior na Campanha Nacional dos Bancários de 2011 para
avançar em novas conquistas para a categoria.” Com esse chamado à
mobilização e à unidade, o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro,
abriu neste sábado 9 o 22º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco
do Brasil e o 27º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica
Federal, em sessão conjunta realizada no Expo Center Norte, em São
Paulo.
O esforço de perseguir a unidade estava estampado na composição da mesa
de abertura conjunta dos dois congressos, formada por representantes de
todas as entidades representativas dos bancários do BB e da Caixa e das
centrais sindicais com representação na categoria bancária.
Neste sábado à tarde, os dois congressos se dividirão. Ambos farão a
votação dos regimentos internos e depois se reunirão em grupos de
discussão. As plenárias finais do 22º Congresso do BB e do 27º Conecef,
também separadas, serão realizadas no domingo. Participam dos dois
encontros 755 delegados e observadores de todo o país.
Desenvolvimento – O presidente da Contraf-CUT afirmou em seu pronunciamento que o
crescimento econômico dos últimos anos transformou o Brasil na sétima
economia mundial e caminha para ser a quinta, mas, apesar dos avanços na
distribuição de renda, continua entre as dez economias mais desiguais
do planeta. “O grande desafio dos trabalhadores brasileiros é
transformar esse crescimento em desenvolvimento econômico e social, com
emprego, distribuição de renda e inclusão social”, disse Carlos
Cordeiro.
O dirigente defendeu como tema prioritário da Campanha Nacional dos
Bancários 2011 o conceito de emprego decente proposto pela CUT Nacional,
que passa por emprego com estabilidade e segurança, emprego com boas
condições de trabalho e fim do assédio moral e das metas abusivas,
emprego bem remunerado com valorização do piso salarial, aposentadoria
digna e atendimento decente para a população.
Representando a CUT Nacional, o secretário de Finanças Vagner Freitas,
ex-presidente da Contraf-CUT, lembrou que o crescimento econômico
brasileiro atual é ainda pouco diante do necessário e criticou duramente
o sistema financeiro nacional, “que cobra caríssimo pelo crédito, lucra
cada vez mais sem dar retorno à sociedade”. Vagner também criticou o BB
e a Caixa pelas péssimas condições de trabalho, “iguais às dos bancos
privados”, e o Banco Central pela edição das normas que ampliam os
correspondentes bancários, o que para ele é intermediação fraudulenta de
mão-de-obra.
Desafios – Anfitriã dos encontros nacionais, a presidenta recém-eleita do Sindicato
de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, ressaltou durante a
abertura dos congressos dos empregados da Caixa e do BB a importância da
unidade para construção de uma campanha favorável aos trabalhadores.
“Temos muitos desafios a enfrentar, como os problemas de condições de
trabalho, que está levando os bancários ao adoecimento, o
descomissionamento, a falta de espaço das mulheres nos cargos de direção
dos bancos públicos e a situação dos empregados incorporados. Diante
disso, é fundamental consolidarmos nossa campanha unificada”, afirmou
Juvandia.
O presidente da Fetec São Paulo, Luiz César de Freitas (Alemão),
destacou as conquistas dos bancários nos últimos anos, alcançadas
segundo ele com muita mobilização e unidade nacional.
Aparecido Donizeti (Cidão), diretor da Federação dos Bancários de São
Paulo e Mato Grosso do Sul, também chamou a atenção para a unidade
representada pela composição da mesa. “Iniciamos o congresso muito bem,
já que estamos todos juntos, os dois maiores bancos públicos do Brasil”,
disse Cidão, para quem “um dos assuntos que mais nos incomoda é o
assédio moral, principalmente no Banco do Brasil, com metas e atitudes
abusivas contra os funcionários. Entendemos que trabalho é necessário,
mas desde que este trabalho não comprometa a saúde nem a dignidade da
categoria. Acredito muito que teremos discursos enxutos e objetivos para
atingir grandes reivindicações”.
Fim do assédio moral – Representante CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), Emanuel Souza,
diretor do Sindicato da Bahia, lembrou a experiência positiva da
campanha unificada do ano passado e disse acreditar “que este ano
continuaremos a lutar juntos”. Para o dirigente sindical baiano, o
combate à terceirização e à precarização do trabalho “devem ser
encarados de frente. Não podemos aceitar as atuais condições de
trabalho, já que somos banco público e temos como patrão o governo”.
Segundo Emanuel, “não devemos tampouco aceitar desculpas como os índices
da inflação” para justificar a intransigência dos bancos em relação à
campanha nacional da categoria.
Ronaldo Zeni, diretor do Sindicato de Porto Alegre e da Fetrafi RS,
representante da CSD (CUT Socialista e Democrática), criticou a lógica
dos bancos públicos, “que é a mesma dos bancos privados. Quem paga por
isso é a sociedade. Nossa tarefa é fazer pressão sobre o sistema
financeiro e lutar por sua regulamentação”. Para Zeni, é preciso manter a
unidade presente na mesa de abertura conjunta dos congressos do BB e da
Caixa para as ruas. “As diferenças entre as teses são pequenas. Para
termos conquistas, temos que levar nossa luta para a rua. É na rua que a
verdadeira unidade se constroi”.
O representante da Intersindical, Ricardo Saraiva (Big), defendeu a
extensão dos direitos aos trabalhadores dos bancos incorporados ao BB,
onde “não pode existir funcionário de segunda categoria”. Dentro dos
bancos, criticou Big, o que reina são péssimas condições de trabalho,
assédio moral, metas impostas de forma dura, o que “não podemos
aceitar”.
O secretário de Comunicação da CUT-RJ, Sérgio Farias, representante do
Fórum Cutista e Democrático, falou sobre a pluralidade de ideias e a
capacidade de mobilização dos congressos que possibilitaram tantas
conquistas. Farias também demonstrou preocupação em relação ao assédio
moral, que segundo ele como “vergonha nacional”. “Essa realidade é
incompatível! É impossível que seja uma prática tão comum no BB e Caixa,
os maiores e mais importantes bancos públicos do país, o BB com
projeção nacional, inclusive. Estamos todos juntos contra essa vergonha
que é o assédio moral”, declarou.
Dirceu Travesso (Didi), representante da CSP/Conlutas, disse que “o
arrocho salarial, a isonomia nos bancos públicos, o REG/Replan na Caixa e
o processo de reestruturação no BB são exemplos do ataque cotidiano aos
direitos dos trabalhadores”. Didi defendeu que a campanha salarial
deste ano deve discutir “com profundidade questões como Planos de Cargos
e Salários (PCS) decentes e REG/Replan igual para todo mundo, no caso
da Caixa”.
Combater a precarização – Jair Pedro Ferreira, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados
(CEE) da Caixa, também defendeu a intensificação da mobilização na
campanha deste ano. “O desafio é apresentar uma pauta unificada, para
ampliar as conquistas. A falta de empregados nos bancos públicas precisa
ser combatida, assim como a precarização do trabalho por meio de
correspondentes bancários. O fortalecimento das comissões de empresa é
importante para a campanha salarial 2011”, acrescentou Jair.
O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, Eduardo
Araújo, destacou o processo democrático de construção da Campanha
Nacional dos Bancários
Para Fabiana Matheus, diretora de Administração e Finanças da Fenae,
“há três questões emblemáticas. A isonomia de direitos entre os
empregados mais antigos e os pós-78 precisa ser resolvida. No caso do
voto de Minerva nos fundos de pensão, é fundamental definir uma
estratégia, com envolvimento dos parlamentares, com empenho dos
dirigentes sindicais e associativos e com mobilização dos bancários,
para que a legislação seja mudada. Outra preocupação é a recuperação dos
benefícios dos aposentados. A Fenae cerrará fileira com o conjunto de
entidades sindicais e associativas dos bancários pela garantia de
atendimento a estas e a todas as demais reivindicações da categoria”.
O presidente da Funcef, Carlos Caser, destacou a luta contra a
privatização da Caixa e do BB na década de 90, “sob o governo neoliberal
de FHC. Naquele momento, foi necessário um forte combate ao projeto de
desmonte dos bancos públicos. Não acho que hoje esteja tudo como antes.
Os projetos são diferentes. E isso é fruto das nossas lutas. Na Funcef, a
eleição de representantes dos associados, por exemplo, que lá atrás era
apenas sonho, tornou-se realidade”.
Também participaram da mesa de abertura conjunta dos bancários do BB e
da Caixa o diretor eleito da Previ Paulo Assunção, a diretora eleita da
Cassi Graça Machado, a conselheira deliberativa eleita da Cassi Fernanda
Carisio e o diretor da Fenacef Olívio Gomes.