Em entrevista ao Portal do Mundo do
Trabalho, o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores,
Quintino Severo, destacou o papel do 6 de julho, Dia Nacional de
Mobilização da CUT, para energizar as campanhas salariais do
segundo semestre, fortalecendo a luta pela distribuição de renda.
Quintino também sublinhou a importância das manifestações
estarem sendo construídas em conjunto com o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra
(CPT), Central dos Movimentos Populares (CMP) e Marcha Mundial de
Mulheres, entre outros parceiros da Coordenação dos Movimentos
Sociais (CMS), “em defesa de um projeto nacional de
desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do
trabalho”.
Como estão os
preparativos para o 6 de julho?
De Norte a
Sul, estão sendo preparadas paralisações, atividades de rua e todo
tipo de manifestações para dar visibilidade às nossas
reivindicações que dialogam com a construção de um projeto
nacional de desenvolvimento com distribuição de renda e valorização
do trabalho.
Nossa compreensão é que o Dia Nacional de
Mobilização da CUT, ao envolver o conjunto dos estados e dos Ramos,
injetará mais energia nas campanhas salariais do segundo semestre,
confrontando a lógica dos que dizem que o salário gera inflação.
Para a CUT, salário é desenvolvimento, é mais consumo, é
dar mais capacidade do Brasil continuar produzindo, gerando riqueza,
emprego e renda. É o fortalecimento do mercado interno que põe a
roda da economia para girar, numa dinâmica positiva que possibilita
avanços.
Quais são os eixos
prioritários do Dia Nacional de Mobilização da CUT?
A
pauta foi amplamente debatida em nossa Direção Nacional, contando
com a contribuição dos companheiros e companheiras das CUTs
estaduais e Ramos, e aponta para três eixos centrais: trabalho e
sindicalismo, alimentação e educação. Com o envolvimento e a
participação das categorias desde o local de trabalho, ganha peso a
luta por ganhos reais mais expressivos e cláusulas sociais nas
campanhas salariais; a redução da jornada de trabalho para 40 horas
semanais sem redução de salário.
No momento em que as
empresas registram enorme lucratividade, baseada no aumento da
produtividade, é mais do que justo que todos queiram ser
beneficiados com o resultado do seu trabalho, do seu suor. Da mesma
forma, vamos nos manifestar no dia 6 em defesa da liberdade e da
autonomia sindical; pelo fim do Imposto Sindical; pelo combate às
práticas antissindicais; fim do Fator Previdenciário; e contra a
precarização e a terceirização, que continuam deixando milhões
de pessoas à margem dos direitos sociais e trabalhistas.
A
aprovação do Plano Nacional de Educação ainda em 2011, para que
esteja valendo já no próximo ano, também é um ponto crucial, pois
aponta para a valorização desses profissionais, passo fundamental
para termos uma educação pública e de qualidade.
As
bandeiras do campo também foram contempladas e ganharão mais
visibilidade com a articulação com o MST. Como a CUT vê esta
parceria?
A parceria com os companheiros
do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra vem de longa data, é
histórica e, para nós, estratégica. A defesa da reforma agrária;
a aprovação da PEC do Trabalho Escravo; a luta contra os
agrotóxicos e contra o modelo agrário extremamente concentrador de
renda e multiplicador de injustiças faz parte da nossa pauta comum e
voltará a ganhar as ruas do país.
No próximo dia 6 estamos
preparando um ato em Belém do Pará onde vamos levantar a voz mais
alto contra a violência no campo, que tem multiplicado as mortes
naquela região. A ideia é somar as lideranças nacionais da CUT e
os parceiros do MST, da Comissão Pastoral da Terra, para darmos
maior visibilidade ao combate à violência que vem sendo praticada
contra os trabalhadores rurais. Será um ato em defesa da vida, da
justiça, da paz.
E o papel da
comunicação nesta reta final…
É
essencial que o conjunto dos estados e ramos invista na comunicação,
já que a velha mídia vai jogar uma vez mais para nos invisibilizar.
Portanto, além de informar a nossa base e os parceiros dos
movimentos sociais, o que é fundamental para garantir uma boa
mobilização, precisamos dialogar com a sociedade, esclarecendo
quais são as nossas bandeiras, para que consigamos ampliar a
participação popular e fortalecer a pressão em defesa da nossa
pauta.