Contraf-CUT rejeita elitização e defende universalização dos serviços bancários

A Contraf-CUT rejeita o modelo de elitização do
atendimento bancário, que tem empurrado clientes de baixa renda para
os correspondentes, e defende a universalização dos serviços
bancários para todos os cidadãos brasileiros. Desta forma, a
entidade que representa cerca de 90% dos bancários de todo país
repudia o processo de bancarização sem bancários e sem segurança
que vem sendo implantado pelos bancos.

O potencial de inclusão
financeira é enorme. Dados do Banco Central revelam que, dos 5.587
municípios brasileiros, 1.973 (35,3%) não possuem sequer uma
agência ou posto de atendimento bancário, e que 49% da população
brasileira não possui nenhum tipo de atendimento em instituições
financeiras.

As condições econômicas e sociais no Brasil
nunca estiveram tão favoráveis para a expansão dos serviços. Os
números comprovam a potencialidade de tal cenário. De acordo com o
Ministério da Ciência e Tecnologia, em 2009, 103 milhões de
pessoas estavam dentro do perfil de População Economicamente Ativa
(PEA). Ou seja, pessoas que trabalham ou estão aptas ao trabalho, o
que representa 53% da população brasileira. Isso expressa um
crescimento contínuo médio de 2,5% ao ano.

O desafio
colocado é o modo como se dará tal expansão. Os bancos e os seus
consultores de plantão agem no sentido de que a bancarização deve
ser feita de forma segmentada e elitizada. Nessa lógica de expansão,
os bancos estão delegando o atendimento da população de baixa
renda aos correspondentes, mercados, supermercados, lojas e
lotéricas, enquanto a elite é bem atendida, com todas as condições
das quais precisa, nas agências. Em dezembro de 2007, havia no país
95.849 correspondentes e em dezembro de 2010 o número disparou para
165.228.

“Defendemos o acesso aos serviços financeiros
pelos bancários e recusamos a lógica dos bancos que buscam a
exclusão e a discriminação via precarização dos serviços e do
trabalho”, afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
“O sistema financeiro precisa incluir pessoas que estão à
margem do sistema, para que tenham acesso ao crédito, sobretudo
porque os bancos são concessões públicas e têm o papel social de
levar crédito à sociedade e promover o desenvolvimento social”,
aponta.

Em relação às regiões brasileiras, os dados do BC
revelam que o potencial de inclusão é muito significativo no
Nordeste, onde apenas 36% dos moradores possuem conta em banco. Até
mesmo na região mais desenvolvida, Sudeste, 48% das pessoas ainda
não realizam operações bancárias.

O potencial de inclusão
está também evidente em todas as idades e classes sociais. Nem
mesmo a classe A, que apresenta maior renda familiar está 100%
bancarizada. Atualmente esses níveis estão em 78% para as classes A
e B, 51% nas classes C e 30% nas classes D e E.

No setor
terciário, no qual o mercado financeiro está inserido, o
crescimento projetado é o mais significativo, com enorme foco em
prestação de serviços.

Para o presidente da Contraf-CUT,
esses indicadores reforçam a necessidade de universalização dos
serviços bancários. “Para tanto, é fundamental a suspensão
das duas resoluções do BC que ampliam a atuação dos
correspondentes, violando a Constituição Federal porque está
legislando em substituição ao Congresso Nacional”, salienta.

Na última quarta-feira, Carlos Cordeiro e o secretário de
Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira,
estiveram reunidos, em Brasília, com o deputado Cláudio Puty
(PT-SP), presidente da Comissão de Finanças da Câmara Federal, e o
deputado Rui Castro (PT-BA), relator do projeto de decreto
legislativo do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) que susta os efeitos
das resoluções do BC sobre os correspondentes.

“Embora
o BC argumente que as resoluções visam à inclusão social, os
correspondentes não estão sendo criados prioritariamente em regiões
menos bancarizadas. Um quarto dos correspondentes (39.720), que
existem hoje no Brasil, está localizada no Estado de São Paulo, o
mais bancarizado do país, funcionando inclusive ao lado de agências,
mostrando que o que está em jogo mais uma forma de reduzir custos,
aumentar os lucros dos bancos e ameaçar o futuro da categoria
bancária”, conclui o presidente da Contraf-CUT.

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