Para a Contraf-CUT, o desafio da
bancarização não é segmentar o atendimento, como apregoam os
bancos e os seus consultores de plantão, mas garantir a
universalização dos serviços bancários para todos os brasileiros
com qualidade de atendimento. A avaliação é do secretário de
Finanças da Contra-CUT, Roberto Von Der Osten, o Betão.
Em
reportagem publicada na edição desta quarta-feira (15), o jornal
Brasil Econômico aponta que o desafio dos bancos é incluir 49% da
população e oferecer exclusividade às classes altas. Pesquisa
feita pelo Banco Central, a pedido do DataFolha, revela que apenas
51% da população brasileira está incluída nos serviços
bancários. Nos países chamados desenvolvidos, quase a totalidade da
população é coberta pelos serviços.
A Contraf-CUT defende
a bancarização com bancários, mas recusa a lógica dos bancos que
buscam somente a oportunidade de varejo, com a precarização do
trabalho e sem vislumbrar a universalização dos serviços
bancários. “Bancarização de verdade significa inclusão de
pessoas que estão à margem do sistema bancário, para que tenham
acesso ao crédito. É um instrumento de cidadania”, afirma
Betão.
Para o dirigente sindical, os bancos possuem o papel
social de levar crédito à sociedade e promover o seu
desenvolvimento. “Banco é uma concessão pública. Não pode
apenas tirar lucro da sociedade. Não concordamos com isso”.
A
expansão feita pelos bancos, conforme denúncias da Contraf-CUT, tem
sido promovida sobretudo através de correspondentes bancários, como
lotéricas e banco postal. “Estão delegando o atendimento a
terceiros que não possuem condições mínimas de exercer tal
tarefa, cujos trabalhadores não têm os mesmos direitos dos
bancários. Estão se eximindo de sua responsabilidade social”,
aponta Betão.
De acordo com Boanerges Freire, consultor de
varejo financeiro da Boanerges & Cia, ouvido pela reportagem do
Brasil Econômico, querer fazer tudo para todos é o caminho do
fracasso. “Para nós, esta lógica se chama exclusão”,
rebate o diretor da Contraf-CUT, recusando o caminho de delegar o
atendimento da população de baixa renda a mercados, supermercados,
lojas e lotéricas, enquanto a elite é bem atendida, com todas as
condições das quais precisa, nas agências.
Até a década
de 1990, lembra Betão, antes da privatização dos bancos estaduais,
os estados eram cobertos quase na totalidade por essas instituições
públicas. “As agências lucrativas contrabalanceavam as
agências dos pequenos municípios que eram deficitárias. Bancos
privados não fazem isso, pois optaram pela expansão precária,
através dos correspondentes, colocando a maior parte dos usuários
do banco, que têm menor renda, para fora das agências. O desejo dos
banqueiros é banco para poucos. Para nós, é banco para todos os
cidadãos”, finaliza.