Bancários de Pernambuco querem aumento real e fim das metas abusivas

A consulta realizada
pelo Sindicato confirma: aumento real de salários é prioridade para
a maioria dos bancários. Desde a segunda quinzena de maio, foram
ouvidos 1.113 trabalhadores em diferentes agências e departamentos
dos bancos no estado. Os dados da pesquisa vão ajudar o Sindicato na
construção da pauta de reivindicações da Campanha Nacional 2011,
que será entregue aos bancos no início de agosto.

“O
resultado da consulta mostra algumas diferenças entre os bancos e,
mais especificamente, entre os bancos públicos e privados. Mas há
coisas que não mudam: o fim das metas abusivas e combate ao assédio
moral, por exemplo, é citado como prioridade pela maioria dos
funcionários em todas as instituições”, explica a presidenta do
Sindicato, Jaqueline Mello. Ela destaca que a consulta também revela
dados preocupantes. “Nas principais instituições financeiras do
país o índice de afastamento por doença varia de 12% a 31%. E um
percentual de 13% a 29% dos bancários já usou ou usa medicamento
controlado”, conta Jaqueline.

Embora não tenha embasamento
científico, a consulta realizada pelo Sindicato traz à tona
informações importantes, que servirão como suporte nos encontros
de construção da pauta de reivindicações (estaduais, regionais e
nacional). Paralelamente, a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro) está realizando uma pesquisa, por
meio de empresa especializada, nos principais estados do país,
inclusive em Pernambuco.

Reivindicações – A primeira
parte do questionário se propõe a descobrir quais são as
principais demandas dos trabalhadores. Em bancos públicos e
privados, a primeira opção é a mesma no que diz respeito à
remuneração: 72,96% dos consultados garantem que aumento real é
prioridade. A diferença se revela nas outras opções. Enquanto nos
bancos públicos a valorização do piso aparece como segunda
prioridade, os bancários das instituições privadas apontam o 14º
salário. No Banco do Brasil e BNB merecem destaque também a
reivindicação de melhorias no Plano de Cargos, Carreiras e
Salários.

No que diz respeito à remuneração indireta, a
cesta-alimentação é citada como prioridade pela maioria dos
trabalhadores ouvidos: 68,28%. Exceção é o Bradesco, onde o
auxílio-educação é a demanda número um, citada por 53,28% dos
funcionários. “Vale lembrar que o Bradesco é o único entre os
grandes bancos que não paga uma bolsa de estudos para os bancários”,
comenta Jaqueline.

Quanto à remuneração variável, a
melhoria na PLR (Participação nos Lucros e Resultados) é a
principal reivindicação, segundo 85,62% dos consultados. A
diferença entre bancos públicos e privados aparece na segunda
opção. Enquanto no BB, Caixa e BNB os funcionários querem negociar
a remuneração total, nas empresas privadas eles brigam para que a
PLR não seja descontada dos programas de remuneração
específicos.

Um ponto de consenso entre todos os
trabalhadores de instituições financeiras é a urgência em acabar
com as metas abusivas e com o assédio moral. Estes dois pontos
surgem como prioridades, citados respectivamente por 58,13% e 49,24%
dos que responderam a consulta. Há algumas variações de um banco
para outro, mas em todos são estas as principais demandas no que se
refere a saúde e condições de trabalho. No entanto, nos bancos
privados outro ponto merece destaque: a luta pela segurança e por um
adicional de risco de vida. No Bradesco e Itaú, por exemplo, estas
questões são citadas como prioridade por quase 40% dos ouvidos.

No
quesito emprego, 51,66% citaram a garantia da jornada de seis horas
para todos e 47,17% a ratificação da Convenção 158 da OIT, que
proíbe demissão sem justa causa. Mas há outras demandas. Na Caixa
e no BNB, por exemplo, a maior preocupação é com a necessidade de
mais contratações, citada respectivamente por 52,33% e 51,43%. No
Bradesco, depois da assinatura da Convenção 158, a prioridade é
com a garantia de igualdade de oportunidades (34,31%).

A
definição de um percentual de reajuste é o último ponto da
consulta no que diz respeito às reivindicações. O índice de
pessoas que preferiram não responder é alto, chegando a mais de 34%
em alguns bancos. A maioria, entretanto, aponta um percentual que
varia entre 7,5% a 13%. A única exceção é o Banco do Brasil, onde
a maioria dos consultados (45,64%) pede um índice superior a 13% de
reajuste.

Dispostos à lutar – A segunda parte do
questionário se propõe a analisar como anda a disposição dos
trabalhadores para a Campanha Nacional que vem aí. E 84,01% garante
que está disposto e as principais estratégias de pressão ainda são
a greve e as assembleias. O pessoal dos bancos públicos, no entanto,
revela maior disposição para aderir a estes instrumentos de
pressão, com destaque para a Caixa Econômica. Entre os privados, os
mais dispostos são os trabalhadores do Santander.

O
questionário também avaliou a posição dos trabalhadores das
instituições financeiras no que diz respeito a três reformas em
pauta na conjuntura nacional. E verificou que a reforma tributária é
considerada a principal pelos bancários. Ela foi citada como muito
importante por 73,41% dos que foram consultados. A reforma política
veio em seguida, citada por 68,55% dos trabalhadores; e a reforma
financeira foi colocada como muito importante por 65,5% dos que
responderam à consulta.

A última parte da consulta revela
dados preocupantes sobre a saúde física e psíquica dos bancários.
Uma média de 23% deles já passou por afastamento por conta de
doença ocupacional e 17,25% já usou ou usa medicação controlada.
O pior quadro está no BNB, onde o índice de afastamento entre os
consultados é de 31,43% e 28,57% revelam que já usaram ou usam
medicamentos controlados. A melhor situação está no HSBC, onde
estes índices são de 6,67% no que se refere aos afastamentos e
3,33% no que diz respeito ao uso de remédios.

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