A crescente insegurança no campo
motivada por conflitos agrários acaba de deixar mais marcas, agora
na região Nordeste. O trabalhador rural José Luiz da Silva,
acampado em uma fazenda de posse do governo de Pernambuco, localizada
em Sertania, a cerca de 300 quilômetros de Recife, foi assassinado
no com dois tiros, no último sábado (2), em frente à sua casa.
O
trabalhador, segundo familiares e companheiros de acampamento, era um
dos que estavam à frente da fiscalização e das denúncias de
práticas ambientais ilegais na região. O local, que por falta de
fiscalização dos órgãos competentes, passou a ser alvo de caça,
pesca e extração de madeira de forma ilegal.
Por essas
razões, as famílias que vivem no acampamento há mais de 10 anos
reivindicavam a regularização da área junto ao governo estadual e
ao Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), que chegou a
realizar laudo técnico inicial, mas, segundo as famílias, as
negociações não foram concluídas .
Segundo a Comissão
Pastoral da Terra (CPT), o crime pode estar ligado a questões
ambientais, exatamente porque a vítima, por muitas vezes, combateu e
denunciou desmatadores. Por já ter recebido ameaças, José Luiz da
Silva decidiu se afastar do acampamento mas, por se convencer de que
elas não se concretizariam, retornou ao local. E no último sábado
foi morto a tiros por dois homens que passavam numa motocicleta.
Ainda de acordo com a CPT, uma trabalhadora rural que
testemunhou as ameaças foi procurada por homens desconhecidos
durante os dias que antecederam o assassinato de José Luiz da
Silva.
Violência no campo – Em maio, o casal de
líderes extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do
Espírito Santo, foi assassinado em Nova Ipixuna, no Pará. Daquele
mês para cá, outras quatro pessoas foram mortas na zona rural da
região Norte, três no Pará e uma em Rondônia.