Está
lá no artigo 93 da Lei 8.213 de 1991: toda empresa com mais de mil
empregados deve destinar 5% dos seus cargos a pessoas com
deficiência. Simples assim. Mas entre os cinco maiores bancos do
país, responsáveis pelo emprego de 450 mil pessoas, a meta está
longe de ser atingida.
Dados obtidos pelo Sindicato dos
Bancários de São Paulo, de dezembro de 2010, indicam que Banco do
Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa Econômica
Federal não atingiram nem a metade da meta de inclusão de PPDs em
seus quadros.
O Santander tem 4,74% (2.579) dos seus
funcionários com algum tipo de deficiência. Já o Itaú mantém
3,81% (4.113) dos empregados com deficiência. Na parte de baixo
dessa pirâmide vem o Bradesco, com 1,78% (1.696), Banco do Brasil,
com 0,81% (882) e Caixa Econômica Federal, que teve o dado mais
recente divulgado em 2009, com 0,54% (438).
O Banco do Brasil
ganha um destaque especial nessa conta. Nos últimos cinco anos, saiu
de um número de 1.473 (em 2006) funcionários com deficiência para
882, em 2010. Bem aquém do mínimo de empregados previsto pela
legislação.
Insatisfação – Mas o
problema não para aí. De acordo com levantamento da Page Personnel,
da Consultoria Michael Page, divulgado pelo jornal O Estado de S.
Paulo de 23 de maio deste ano, boa parte dos trabalhadores com
deficiência demonstram insatisfação no trabalho. Entre as 243
pessoas pesquisadas, 36% nunca foi promovida. Destas, 70% tinha
graduação completa ou pós.
Uma explicação pode ser
encontrada nos métodos usados para a promoção. O bancário Tiago
Cocci Donaire trabalha na Caixa Econômica Federal há dez anos,
sempre como técnico bancário (TB). Deficiente visual, ele
conta que é preciso superar vários obstáculos para ascender
profissionalmente. “Entre as exigências de cursos para ter uma
promoção está o de matemática financeira. O curso é feito on
line. No entanto, a calculadora que é disponibilizada está apenas
em uma imagem na tela. Para quem enxerga não tem problema, mas quem
é cego como eu fica sem condições de estudar”, diz ele, que é
formado em Direito.
De
acordo com Neiva Ribeiro dos Santos, diretora do Sindicato, os bancos
devem se esforçar mais. “É necessário incluir, de fato, as
pessoas com deficiência. Um empenho que começa na contratação,
formação e capacitação para ascensão profissional, bem como na
preparação dos gestores, para que recebam adequadamente esses
trabalhadores.” A dirigente sindical reclama ainda do adiamento,
pela federação dos bancos, da mesa de negociações de igualdade de
oportunidades. “Estava agendada para 29 de março, mas até agora
não recebemos nova data. Estamos aguardando para debater esse
importante tema com os bancos.”