Bancos faltam à audiência pública no Senado sobre igualdade de oportunidades

Os
bancos mais uma vez deram uma mostra de que não estão nem um pouco
preocupados com a inclusão de negros e negras no mercado de trabalho
e não compareceram à audiência pública na Comissão de Direitos
Humanos e Legislação Participativa do Senado, nesta segunda-feira
(30), para discutir a igualdade de oportunidades no ramo financeiro.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) se limitou a enviar um
documento dizendo que participaria de futuros debates sobre o tema,
frustrando todos os participantes.

A audiência foi
requerida pelo senador Paulo Paim (PT-RS) por solicitação do
diretor-executivo da ONG Educafro (Educação e Cidadania de
Afrodescendentes e Carentes), frei David Raimundo Santos. Também
participaram do encontro o diretor do Sindicato dos Bancários de
Brasília e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do
Banco do Brasil, Eduardo Araújo, o diretor do Sindicato dos
Bancários de São Paulo, Júlio Cesar Silva Santos, e a secretária
de Políticas de Ações Afirmativas da Secretaria de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) da Presidência da República,
Anhamona da Silva Brito.

Os representantes
das entidades cobraram a implementação de ações para inclusão
dos negros nas instituições financeiras, com base nas conclusões
do Mapa da Diversidade. A pesquisa, realizada com mais de 200 mil
bancários em 2008, confirmou a discriminação dos trabalhadores por
raça e gênero, denunciada há tempos pelo movimento sindical.
“Sindicatos de todo o país fizeram atividades no último dia 13 de
maio, dia da Abolição da Escravatura, para chamar a atenção da
população sobre a discriminação nos bancos e pressionar as
instituições para adoção de políticas de inclusão desse
segmento no mercado de trabalho, principalmente o setor bancário,
inclusive nos cargos de chefia e no alto escalão”, afirma Eduardo
Araújo, diretor do Sindicato.

O combate à
discriminação nos bancos poderia ter avançado mais caso a Febraban
tivesse cumprido, por exemplo, o protocolo de intenções assinado
com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
(Seppir) em 2010. O texto previa que em até 90 dias contando da
assinatura do protocolo, ocorrida dia 28 de julho, a Federação
deveria apresentar um plano de trabalho com políticas de inclusão e
capacitação dos negros no setor bancário. “O plano não foi
apresentado e o debate de inclusão no setor financeiro ainda não
ocorreu a contento. Era algo perfeitamente possível a efetividade
dessas ações”, disse Anhamona Silva de Brito, secretária de
Ações Afirmativas da Seppir.

As ações do plano
deveriam incluir itens para o ingresso dos negros nos cargos de
direção, ampliação do acesso deles nas instituições financeiras
com ênfase na juventude, ações afirmativas da cultura afro e
políticas de capacitação para o segmento, entre outras.

As entidades também
cobraram a aplicação do Estatuto de Igualdade Racial, aprovado no
ano passado e que garante à população negra a efetivação da
igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos, o combate
à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.
“Vamos cobrar o cumprimento da lei e denunciar os casos de
discriminação. Também buscamos apoio de parlamentares para
aprovarmos o projeto de lei que institui as cotas”, diz o senador
Paulo Paim (PT-RS).

Ações na
prática –
O Sindicato
dos Bancários de Brasília organizou manifestações pelo fim da
discriminação percorrendo vários pontos de Brasília durante o mês
de maio. E também está atuando em outras frentes. Na esfera
jurídica a entidade também buscará a inclusão. O Sindicato vai
ajuizar ações civis públicas junto ao Tribunal Regional do
Trabalho (TRT) com base nos dados do Mapa da Diversidade sobre o
Distrito Federal. Segundo o Mapa, as mulheres negras no DF
representam apenas 12% do corpo funcional. Quanto à remuneração,
na região Centro-Oeste os brancos recebem, em média, R$ 4.142; já
os negros, com igual qualificação, R$ 3.614.

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