Em cinco dias quatro militantes são assassinados na região da floresta Amazônica

O
trabalhador rural Herenilton Pereira foi encontrado morto no sábado
(28) no município de Nova Ipixuna. Ele estava desaparecido desde
quinta-feira (26) e vivia no mesmo assentamento do casal de líderes
extrativistas assassinados na terça-feira (24).

No
dia do assassinato do casal, Herenilton e seu cunhado trabalhavam às
margens de uma estrada a cerca de cinco quilômetros do local onde
ocorreu o crime. Momentos depois, ambos presenciaram a passagem, a
poucos metros deles, de dois homens em uma moto, vestidos de jaqueta
e portando capacetes. Um deles carregava uma bolsa comprida no colo.
As descrições coincidem com informações prestadas à polícia por
testemunhas que presenciaram a entrada, no assentamento, de dois
pistoleiros horas antes do crime naquela manhã.

Ainda
segundo o relato do trabalhador que estava ao lado de Herenilton, uns
100 metros à frente, os supostos pistoleiros pararam a moto e um
deles abordou um trabalhador e pediu informações de como chegar ao
porto do Barroso, uma das saídas do assentamento em direção ao
município de Itupiranga.

Na
quinta feira, Herenilton saiu de casa para ir ao mesmo porto comprar
peixe e não retornou. O corpo dele foi encontrado dentro do mato,
antes de chegar ao porto. O agricultor tinha 25 anos, era pai de 4
filhos e vivia no assentamento desde criança.

Violência
rural –
Herenilton
foi o quarto trabalhador rural assassinado só nesta semana. Na
terça-feira (24), os líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro
da Silva, conhecido como Zé Castanha, e sua esposa Maria do Espírito
Santo da Silva foram emboscados por pistoleiros em uma estrada em
Nova Ipixuna, no Pará. O casal era líder dos assentados do Projeto
Agroextrativista Praia Alta da Piranheira e vinham sendo ameaçados
de morte por madeireiros e carvoeiros há anos.

Na
sexta-feira (27), Adelino Ramos, conhecido como Dinho, sobrevivente
do Massacre de Corumbiara, ocorrido em agosto de 1995, foi
assassinado no município de Porto Velho (RO), enquanto vendia
verduras no acampamento onde vivia. Ele foi morto por um motoqueiro,
próximo ao carro da família onde estavam sua esposa e duas filhas.
Dinho denunciava a ação de madeireiros na região da fronteira
entre os estados de Acre, Amazônia e Rondônia e já alertava para
ameaças contra sua vida.

Em
nota, a CPT critica as investigações feitas até o momento. “Até
o momento não podemos afirmar que o caso tenha relação com a morte
de José Cláudio e Maria, mas também não podemos descartar essa
hipótese. A polícia precisa esclarecer as causas do crime. O
assassinato é prova de que a polícia, depois de 5 dias das mortes
dos extrativistas, sequer tinha investigado as principais rotas de
fugas do assentamento que os pistoleiros possam ter usado para
fugirem após cometerem os crimes. Como explicar que um assassinato,
com características de pistolagem, ocorra dois dias depois e nas
proximidades do local onde os extrativistas foram mortos com todo o
aparato das polícias civil e federal, vasculhando a região
conforme anunciam?”.

Tentativa
de assassinato –
Além
das mortes, foi registrada na sexta-feira (27), uma tentativa de
assassinato contra o sindicalista Almirandi Pereira, de 41 anos,
vice-presidente da Associação Quilombola do Charco, de São Vicente
Ferrer, no Maranhão.

Almirandi
luta pela titulação do território quilombola do Charco em conflito
com o empresário Gentil Gomes, pai de Manoel de Jesus Martins Gomes
e Antônio Martins Gomes, recentemente beneficiados por um
salvo-conduto concedido pelo TJ-MA. Os dois estão denunciados pelo
Ministério Público Estadual sob a acusação de serem os mandantes
do assassinato de Flaviano Pinto Neto, líder do mesmo quilombo, no
dia 30 de outubro de 2010.

A
tentativa ocorreu por volta das 21h30min, depois de Almirandi ter
voltado de uma reunião no quilombo Charco. De acordo com seu relato,
ele estava na sala de sua casa com as portas fechadas quando ouviu
parar em frente um carro modelo celta, de cor preta, de onde foram
feitos três disparos. Segundo a polícia civil de São Vicente
Ferrer, trata-se de uma pistola calibre 380 – igual à arma
utilizada para matar Flaviano. Os projéteis atingiram paredes e
telhado da casa.

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