O
microcrédito (empréstimo para baixa renda) foi regulamentado no
Brasil em junho de 2003. Até agora, porém, a modalidade não se
desenvolveu sobretudo porque os bancos não sabem ofertá-la. A
conclusão é do maior especialista no tema, Muhammad Yunus, Nobel da
Paz de 2006.
Yunus, que mora em Bangladesh, país que faz
fronteira com a Índia, desembarcou no Brasil ontem. E, com atraso de
quase duas horas, após ter sido barrado na imigração do Aeroporto
de Guarulhos, conversou com jornalistas. “O microcrédito pode
se dar de uma forma robusta e relevante no Brasil”, garantiu.
Ele disse também que, se encontrar um bom parceiro no País, está
disposto a auxiliar no desenvolvimento dessa modalidade de
crédito.
No Brasil, os bancos podem direcionar 2% do
compulsório para a modalidade, em vez de deixá-los depositados no
Banco Central. “Mas, como a maioria deles não sabe usar esses
2% no microcrédito, os deixam no BC.”
Yunus frisou que o
objetivo de ampliar o microcrédito no mundo é acabar com a miséria.
O economista foi reticente, no entanto, em dizer que programas como o
Bolsa Família são bons para combater a miséria.
O
economista citou casos da Alemanha e Reino Unido, nos quais existem
“até cinco gerações vivendo de assistencialismo”. “E
o microcrédito pode ajudar a sair do assistencialismo.” Ele
participa hoje do Fórum de Comunicação e Sustentabilidade, em Belo
Horizonte.
Sobre a sua exoneração do comando do Grameen
Bank, banco de microcrédito fundado por ele, Yunus reforçou o que
já havia declarado: “Foi uma decisão unilateral do governo de
Bangladesh”.