Remuneração de executivos e conselheiros dos bancos cresce até 72,9%

Diretores
e conselheiros dos principais bancos brasileiros receberam aumentos
expressivos na remuneração anual, em 2010. A maior alta foi no
Bradesco, onde o conselho de administração, que havia faturado R$
18,5 milhões em 2009, obteve R$ 32 milhões no ano passado – um
acréscimo de 72,9%. A valorização do órgão não corresponde à
nomeação de novos membros, pois nesse período apenas um
conselheiro somou-se ao grupo, composto por sete cadeiras com média
salarial de R$ 380,9 mil por mês.

A diretoria estatutária do
segundo maior banco privado do País ganhou R$ 138 milhões em 2010.
Esse valor, 48,8% maior que no ano anterior, foi dividido entre 82
executivos. A renda média de cada diretor, portanto, ficou em R$ 4,5
milhões por ano ou R$ 140,2 mil por mês – o equivalente a 257
salários mínimos.

Para este ano, a assembleia de acionistas
do Bradesco estabeleceu o montante de R$ 500 milhões para remunerar
seu conselho e sua diretoria. Isso representa um aumento de 47% sobre
a soma dos valores que os órgãos receberam no ano passado.

“Essa
liberalização da remuneração foi um dos motivos da crise de
2008”, lembrou Miguel Pereira, o secretário de organização da
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf). Para o sindicalista, os altos salários prejudicam a
sociedade porque são extraídos das contas correntes, ou seja, não
pertencem ao banco. “A matéria-prima é o dinheiro da
sociedade”, disse Pereira.

O conselho de administração
do Itaú é presidido por Pedro Moreira Salles, o antigo maior
acionista do Unibanco, posto no órgão administrativo por causa da
fusão entre as duas instituições financeiras, realizada há três
anos. Em 2009, Salles e os outros oito conselheiros do Itaú
compartilharam R$ 7,3 milhões – média de R$ 67,5 mil por mês, cada
um. No ano passado, com um membro a menos, o órgão viu sua
remuneração aumentar 12,3%, atingindo R$ 8,2 milhões – média de
R$ 85,4 mil .

Já a diretoria estatutária do Itaú sofreu
queda na remuneração, no comparativo dos últimos dois anos. O
montante de R$ 126,7 milhões foi reduzido em 30,9% e chegou a R$ R$
87,6 milhões, em 2010. Cada diretor passou o ano com uma renda média
de R$ 486,6 mil por mês, posto que o banco tenha 15 diretores. Esse
valor é suficiente para o governo federal conceder 3.442
bolsas-família, cujo teto é de R$ 242.

“Toda remuneração tem
dois objetivos: compensar o nível de responsabilidade do cargo e os
resultados obtidos e manter o quadro que é importante para a
organização”, explicou Magnus Apostólico, o diretor de
relações trabalhistas da Federação Brasileira dos Bancos
(Febraban). As recompensas apresentadas nesta reportagem estão na
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ligada ao Ministério da
Fazenda.

No ano passado, a quantia paga aos 48 conselheiros
administrativos do Santander foi de R$ 4,1 milhões. (O comparativo a
2009, neste caso, não é possível, pois o valor daquele ano não
consta na CVM.) Os membros do conselho ganharam, em média, R$ 5
milhões no ano ou R$ 37,9 mil por mês.
Já a remuneração
anual dos diretores do banco espanhol cresceu 43,5%, entre 2009 e
2010. Subiu de R$ 168,5 milhões para R$ 242,4 milhões, com 48
executivos dividindo a quantia. A média mensal por membro foi de R$
420,8 mil, o equivalente a 15 vezes o salário dado no Supremo
Tribunal Federal, cujos juízes têm status de ministro e recebem o
teto salarial da República (R$ 26.723).

Em abril, a assembleia de
acionistas do Santander fixou o montante de R$ 283,5 milhões para a
remuneração de seu conselho e sua diretoria, somados, neste ano. É
um novo aumento, de 15%. Quem ganha menos nas esferas superiores dos
bancos são os conselheiros fiscais, que ficam de olho na gestão dos
executivos. O Itaú destinou R$ 633 mil aos seis membros do órgão
no ano passado: média mensal de R$ 8,7 mil por cabeça. O Bradesco
pagou um pouco a mais: cerca de R$ 12 mil por mês, na média, a cada
um dos três integrantes do conselho fiscal. O Santander não dispõe
desse tipo de órgão ou agente.

BB à parte –
O Banco
do Brasil, que tem 59,2% das ações controladas pelo governo
federal, não concede reajustes tão altos, como os privados, a seus
dirigentes. Os seis membros do conselho administrativo (quatro deles
indicados pelo Tesouro Nacional) receberam um total de R$ 236 mil, em
2009. Essa quantia cresceu 8% no ano seguinte, sendo fixada em R$ 255
mil. A remuneração dos conselheiros do banco não pode ultrapassar
o equivalente a 10% do salário do presidente, que é de R$ 44,5
mil.
Na diretoria, os 36 executivos são bem remunerados: em 2010,
receberam R$ 26,1 milhões – 3,1% a mais que em 2009, quando o ganho
foi de R$ 25,3 milhões. A média na remuneração de 2010 era de R$
60,4 mil para cada membro da diretoria estatutária do BB.

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