A Contraf-CUT exige a manutenção dos empregos e
direitos dos trabalhadores atingidos pela mudança na compensação,
a chamada truncagem de cheques ou compe por imagem. A troca deixa de
ser efetuada de forma física para ser feita de maneira digital, por
meio de imagem, e começa a partir desta sexta-feira (20). A medida
afetará todos os bancos que terão 60 dias para adaptação ao novo
sistema.
A situação de muitos trabalhadores ainda está
indefinida, sem nova lotação. “Estamos cobrando todos os
bancos para que os funcionários que forem atingidos pelas mudanças
na compensação sejam realocados para outros departamentos ou para a
rede de agências, a fim de que tenham seus empregos e direitos
preservados”, afirma o secretário de Organização do Ramo
Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira.
A mudança vai
trazer uma grande economia para os bancos, que eles não escondem.
Segundo o coordenador do Comitê Gestor do Comitê de Transporte
Compartilhado de Malote da Febraban, Dario Antonio Ferreira Neto, o
novo processo deve proporcionar uma economia de aproximadamente R$
100 milhões por ano aos bancos, com a diminuição de mil roteiros
terrestres e 50 aéreos.
Para a Febraban, no médio prazo, a
estrutura tecnológica aplicada na compensação dos cheques, com os
investimento dos bancos na compra de equipamentos e software de
captura, reconhecimento e transmissão de imagem, poderão ser
utilizada também em operações não-financeiras.
“Os
bancos vão ganhar milhões de reais com esse novo sistema de
compensação, na medida em que reduzem ainda mais os seus custos,
aumentando ainda mais os seus lucros fabulosos. Os trabalhadores não
podem sair perdendo, ficando sem os seus empregos e direitos”,
salienta Miguel.
“Essas pessoas têm de ser absorvidas
pelos setores dos bancos, treinadas e com tempo para poder se adaptar
às novas funções e ao próprio horário de expediente, uma vez que
a maioria trabalhava nos períodos noturno e madrugada e passarão
para o diurno”, afirma a diretora executiva do Sindicato dos
Bancários de São Paulo, Ana Tércia Sanches. Os trabalhadores não
podem ser penalizados.
A truncagem elimina o trâmite e a
troca física do cheque e a captura da imagem é feita na boca do
caixa ou nos terminais de autoatendimento. Neste último caso, a
digitalização será feita posteriormente, na retaguarda.
Segundo
Ana Tércia, todas essas mudanças implicarão em mais etapas de
trabalho nas agências. “São tarefas que exigirão mais
funcionários e, portanto, haverá vagas para aproveitar os
trabalhadores da compensação atingidos com a mudança. Isso sem
contar que as unidades, antes das alterações, já vêm sofrendo com
sobrecarga de trabalho”, acrescenta a dirigente
sindical.
Agilidade – Segundo a Febraban, que
desenvolveu o projeto compensação digital por imagem, juntamente
com os bancos associados, dentro de dois meses, o prazo vai se
reduzir para dois dias.
De acordo com o diretor Adjunto de
Serviços da Febraban, Walter Tadeu de Faria, no caso de valores
inferiores a R$ 299,99, o prazo de compensação cai para dois dias e
para valores acima de R$ 300, será de apenas um dia. Em regiões de
difícil acesso do País, a compensação, que é o conjunto de
procedimentos que leva à troca de cheques por dinheiro, atualmente
demora até 20 dias úteis. “É mais um passo na modernização
e aperfeiçoamento de processos bancários em benefício da
sociedade”, disse.
Conforme o executivo, a segurança é
outra vantagem deste processo digital, já que a possibilidade de
clonagem, extravio e roubo dos cheques fica reduzida, com a
eliminação do trajeto físico do cheque. “Esperamos uma forte
redução na clonagem e falsificação nos cheques que
proporcionaram, em 2010, um prejuízo estimado em R$ 1,2 bilhão para
o comércio e de R$ 283 milhões para os bancos”, afirmou
Faria.
Outro benefício importante é com relação ao meio
ambiente. “Sem o transporte do cheque físico, quer seja por via
terrestre ou aérea, estima-se uma redução de 15 mil toneladas
anuais na emissão de C02 na atmosfera, uma vez que cerca de 37
milhões de quilômetros anuais deixaram de ser percorridos”,
afirma o diretor de Relações Institucionais da Febraban, Mario
Sergio Vasconcelos.
Responsabilidade social – O diretor
da Contraf-CUT cobra a responsabilidade social dos bancos, que não
pode ser uma peça de marketing, mas que precisa ser praticada com
ações concretas, como o respeito aos empregos e direitos dos
trabalhadores impactados por novas tecnologias.
“Nós
acreditamos que responsabilidade social se faz harmonizando emprego e
tecnologia, na visão de uma sociedade mais justa e humana, pois as
pessoas precisam ser colocadas em primeiro lugar”, conclui
Miguel.