As instituições financeiras trabalham para “sabotar” as medidas do
Banco Central, para conter o crédito e defendem juros mais elevados,
focadas apenas em seus “próprios interesses e resultados”. A opinião é
do coordenador do Grupo de Análise e Projeção do Ipea, Roberto
Messenberg.
Para Messenberg, o uso de juros maiores como instrumento de política
monetária é mais vantajoso para bancos e outras instituições do que as
medidas macroprudenciais de restrição crédito que afetam as operações
bancárias “mais rentáveis”, ao ampliarem compulsórios e cortarem
recursos disponíveis para empréstimos.
Diante dessa discordância, diz, teve início uma campanha para difundir
que a “inflação está fora de controle”, o que não é, segundo
Messenberg, verdade. Para o economista, o patamar mais elevado da
inflação neste ano se deve a dois fatores: no mercado internacional, os
preços mais altos das commodities (alimentos, minérios e energia) puxam
os preços para cima no Brasil; já no cenário doméstico, a pressão vem
principalmente do setor de serviços.
Segundo dados compilados pelo Ipea, os serviços registram alta de 8,53%
em 12 meses até abril, acima do IPCA de 6,51% no período a cifra
superou, em abril, o teto da meta do governo (6,5%).
“Não há descontrole da inflação. O que há é que muitos querem sabotar [as ações de política monetária do BC].”
Para Messenberg, antes, as instituições financeiras e um grupo
“pequeno, mas ativo” de críticos havia tentado fazer “terrorismo” na
área fiscal, apontando descontrole nesse campo. Feito o ajuste fiscal
do governo, eles perderam “esse argumento” e passaram a centrar fogo na
inflação.
O economista criticou, porém, a intensidade e o modo que o ajuste
fiscal foi realizado pelo governo, cortando gastos de investimentos
necessários para ampliar o potencial de crescimento da economia
brasileira e eliminar o histórico de “voo de galinha” da país, que
oscila anos de boa expansão do PIB com outros de baixo incremento.