Bancários do HSBC no país escapam dos cortes e banco contrata gerentes

Conrado
Engel, o presidente do banco HSBC no Brasil, chegou na sexta-feira de
Londres e foi direto do aeroporto de Cumbica para a reunião diária
da diretoria às 8h30, no escritório da Brigadeiro Faria Lima,
corredor financeiro em São Paulo.

Recuperando-se de uma
cirurgia recente na coluna e “vestido” com o inseparável e
incômodo protetor cervical, o executivo só se queixa da
impossibilidade de carregar a própria mala. Mesmo assim, foi à sede
inglesa na semana passada para participar do encontro do banco com
analistas e investidores, o chamado “Strategy Day”, e tinha
pressa na sexta em contar aos colegas sobre o que foi dito por seus
superiores.

Conforme narra Engel, apesar de o novo presidente
global do HSBC, Stuart Guliver, ter anunciado a redução e até a
saída do negócio de gestão de recursos e de varejo em mercados
pouco rentáveis como o russo, o Brasil aparece entre as nações que
passaram pelos filtros estratégicos do grupo para alocação de
capital. Em fevereiro, numa visita ao país sem aparições públicas,
Guliver deu sinal verde para a subsidiária ampliar a estrutura
comercial.

Engel conta que serão contratados neste ano mil
novos gerentes para atender o varejo de alta renda e o segmento de
pequenas e médias empresas, um incremento de pouco mais de 15% sobre
a força de vendas atual. Com isso, avalia, será possível reduzir o
número de clientes atendidos por gerente de uma média de 500 para
algo entre 250 e 400.

Os cerca de US$ 500 milhões em
dividendos gerados pela operação brasileira em 2010 não foram
remetidos à matriz neste ano, para reforçar a estrutura de capital.
“O Brasil foi eleito como um dos mercados top onde o HSBC quer
ter presença relevante, quer ser mais forte, em 20 ou 30 anos”,
diz Engel.

Nessa avaliação pesaram o potencial de o país
figurar entre a quinta e a sétima maiores economias do mundo,
beneficiado pelo chamado bônus demográfico – com o grosso da
população economicamente ativa -, pela mobilidade social, além de
ser um mercado que se abriu para o mundo.

A corrente de
comércio e de investimentos Brasil-China é um dos exemplos de
interconectividade de que o HSBC quer se valer, aproveitando-se da
sua presença global, diz Engel. Do fluxo com a China, de US$ 64
bilhões no ano passado, ele diz que 7% passaram pelo HSBC em
operações de fechamento de câmbio, de financiamento ao comércio
ou de transferências para investimentos.

De janeiro a março,
o banco ficou com uma parcela de 8,15% dos US$ 16 bilhões
transacionados e a projeção para 2011 é alcançar uma fatia de 10%
dos US$ 70 bilhões previstos. Não por outra razão, o banco tem
executivos brasileiros em Xangai e chineses trabalhando aqui.

O
fato de o Brasil aparecer entre os países prioritários para o grupo
não significa alguma grande virada estratégica para competir com os
grandes nomes do varejo local, como Bradesco e Itaú. A ideia é
seguir a toada do grupo inglês em outros mercados, onde o HSBC
costuma ter, na média, fatia de 7%, sendo relevante no varejo apenas
no Reino Unido e em Hong Kong.

Mesmo assim, as metas
combinadas de Brasil e México preveem gerar, até 2013, US$ 1 bilhão
de resultado com o negócio de varejo, US$ 900 milhões no segmento
de pequenas e médias empresas e US$ 1,1 bilhão com empresas
globais. Hoje, o Brasil responde por 6% dos resultados globais.

Por
aqui, mercado em que detém uma participação de 7% dos depósitos,
há cerca de um ano e meio o HSBC redirecionou o seu foco para as
segmentações de alta renda e de pequenas e médias empresas, além
das grandes companhias. A instituição deixou de buscar clientes por
meio do braço de financiamento ao consumo, a promotora de vendas
Losango, e passou a usar esse canal para reforçar a carteira de
clientes empresariais.

A instituição também interrompeu a
compra de carteiras de crédito consignado – tinha parceria, por
exemplo, com o Banco Schahin, recém-adquirido pelo BMG – e diminuiu
o passo no financiamento de veículos. Esses dois negócios
apareceram na apresentação a investidores em Londres do executivo
Emilson Alonso, que comanda a região da América Latina e Caribe,
como portfólios a serem “racionalizados”.

“Parei
com isso para focar nosso próprio cliente e prover soluções
completas”, diz Engel.

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