Estudo avalia salários após privatizações de estatais no Brasil

A privatização das estatais
brasileiras nos anos 1990 – um dos maiores programas desse tipo no
mundo – e que resultou em várias demissões, especialmente de
bancários, foi o tema do seminário Diferenciais de rendimentos
público-privados e as privatizações, no auditório do Ipea,
ocorrido no dia 4 de maio, no Rio de Janeiro.

“Nossa
contribuição foi descobrir como foram utilizados os trabalhadores
demitidos após as privatizações em larga escala”, revela o
palestrante Gustavo Gonzaga, da Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro (PUC-RJ). O trabalho do pesquisador com Sérgio Firpo
mostra as diferenças de trabalho no setor público e privado no
Brasil, principalmente após as demissões em massa decorrentes da
privatização.

Foram levadas em consideração as diferenças
salariais e as estruturas de remuneração, abordando principalmente
o que foi feito desse trabalhador após a saída do setor público. O
estudo partiu da base de dados da Relação Anual de Informes Sociais
(RAIS) de 1995 a 2002, período de maior privatização já ocorrido
em um país.

“Nosso grupo de comparação é formado por
trabalhadores demitidos das empresas do setor privado que foram
capazes de encontrar outro emprego no setor privado”, disse o
palestrante.

O foco, porém, está no setor público, ao
averiguar seus gastos e o retorno em produtividade. Segundo a
pesquisa, os trabalhadores demitidos do setor público por causa das
privatizações perderam 31,7% dos seus salários reais por hora,
quando em comparação com a queda dos salários dos trabalhadores
demitidos em massa do setor privado.

O pesquisador
interpretou este fato como uma perda de rendas públicas para esses
trabalhos, aumentando também os gastos do governo. Esses resultados
parecem justificar um governo com mais gastos com programas de
demissão voluntária.

Os autores ainda afirmam que a maior
parte da queda dos salários reais é explicada por uma menor
capacidade dos trabalhores privados de encontrar boas empresas, que
remunerem bem.

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