A
Grande São Paulo registrou desde o começo do ano 122 casos de
caixas eletrônicos atacados por ladrões, o que significa quase um
por dia. Só na capital houve 69 crimes desse tipo. No interior,
foram 53.
O levantamento, obtido pela reportagem, mostra que
em uma em cada quatro ocorrências os criminosos usaram explosivos.
Com medo, empresas de menor porte já têm pedido aos bancos para
desativarem esses equipamentos.
O último caso ocorreu na
madrugada de ontem, na Vila Sônia, a 400 metros de uma delegacia.
Criminosos usaram explosivos para arrombar um caixa eletrônico de
uma agência do Banco do Brasil na Avenida Francisco Morato. PMs da
base ao lado do distrito policial foram até o banco, mas não
conseguiram prender ninguém. O dinheiro foi deixado na frente das
máquinas.
Os dados mostram também o que já é evidente para
quem acompanha o noticiário: os casos têm crescido mês a mês. Em
janeiro, na capital, foram registrados seis casos. No mês seguinte,
foram 17; em março, 19; em abril, 20. Nos primeiros 11 dias deste
mês, houve sete ataques. No interior, também houve crescimento: 10
em janeiro, 29 em fevereiro, 30 em março, 40 em abril e 13 neste mês
(até ontem).
Os bancos são o principal alvo dos bandidos, de
acordo com o levantamento: 54 dos 122 casos foram ataques a agências
bancárias. Depois, vêm os mercados (24), postos de gasolina (14),
interior de empresas (12), entre outros locais (veja
quadro).
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a PM tem
feito operações em regiões onde há concentração de
estabelecimentos com caixas eletrônicos. As rondas têm ocorrido de
madrugada, com bloqueios policiais e abordagens de veículos.
Em
nota, a Federação Brasileira dos Bancos (Febrabran) diz que o setor
investiu em equipamentos “robustos”, com “elevado grau
de resistência”, com o objetivo de aumentar a segurança dos
mesmos.
Comércio – Os
casos frequentes de ataques têm feito estabelecimentos comerciais
pedirem retirada ou desativação dos caixas. Na Vila Madalena, zona
oeste da capital, uma drogaria está sem o serviço de caixa 24 horas
há pelo menos um mês. Os proprietários temem ataques durante o dia
ou ainda danos ao imóvel provocados por explosivos em ataques
durante a madrugada.
Um dos funcionários contou que, logo
após a desativação dos caixas, muitos clientes reclamaram,
principalmente por se tratar de um estabelecimento bem perto do
metrô. “Os equipamentos estão aqui, mas cobrimos com lonas e
fizemos um bilhete dizendo que por tempo indeterminado os caixas
ficarão sem funcionar”, disse.
Após se tornar uma
vítima, E.G., gerente de uma farmácia na zona leste que teve caixas
explodidos, disse que não quer mais trabalhar com esse tipo de
serviço. Em uma madrugada de abril, E. acordou com um barulho
definido por ele como um “trovão”. Por causa da explosão,
o teto de gesso foi danificado e muitos medicamentos foram
inutilizados.