A rotatividade da mão de obra na construção civil reduziu em 7,5% o
salário dos empregados do setor em 2010. No ano passado, o salário
médio do trabalhador demitido pelas construtoras era R$ 968,33. Já o
salário dos admitidos ficou em R$ 894,78. Os dados constam de estudo
sobre o setor da construção, divulgado hoje (12), pelo Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Segundo o estudo do Dieese, uma das causas da rotatividade no setor
é o próprio processo produtivo da construção civil. A duração do tempo
de trabalho no setor se dá por contrato temporário ou empreitada, ou
seja, o contrato de trabalho encerra-se assim que determinada fase da
obra termina. No entanto, a entidade destaca que a principal motivação
da rotatividade no setor é a diminuição dos gastos da empreiteira.
“Outro motivo [para a rotatividade], e o principal, é a redução dos
custos para a construtora, pois a rotatividade rebaixa o salário dos
trabalhadores do setor”, informa o estudo do Dieese.
Em 2010, cerca de 2,4 milhões de pessoas foram contratadas pelo
setor. Entretanto, no mesmo período, 2,2 milhões foram demitidas.
Apesar da alta rotatividade e da consequente redução nos salários, o
levantamento mostra que cerca de um quarto das negociações salariais no
setor resultaram em aumentos reais, acima de 4%, em 2010. Em 2008,
apenas 4% dos acordos coletivos alcançaram esse resultado e, em 2009,
nenhuma negociação atingiu esse patamar.
O valor médio dos pisos salariais acordados em 2010 foi R$ 634. O
maior piso salarial, de R$ 886, foi registrado em uma negociação no
estado de São Paulo, e o menor, de R$ 510, em Sergipe.
O estudo mostra ainda que, apesar dos grandes investimentos no
setor, persistem as precárias relações de trabalho na construção civil.
De acordo com o Dieese, a principal reivindicação dos mais de 160 mil
operários da construção que fizeram greve em 2010 foi o fim das
condições degradantes de trabalho. “As condições de saúde e segurança
também não têm apresentado grandes avanços, com alta ocorrência de
acidentes de trabalho. Além disso, os trabalhadores são submetidos,
muitas vezes, a condições precárias, o que motivou as últimas greves da
categoria”, diz o estudo.
As reclamações vão desde as excessivas jornadas de trabalho até a
falta de condições de higiene dos canteiros de obra. De acordo com o
estudo, a mortalidade no setor chama a atenção: enquanto para o
conjunto dos trabalhadores do Brasil ocorre uma morte para cada 37,9
mil empregados, na construção ocorre uma morte para cada 17,3 mil.
“O bom desempenho obtido nos últimos anos se refletiu pouco na
melhora das condições de trabalho e no rendimento dos trabalhadores.
Mesmo com o movimento de formalização ocorrido em 2010, e as conquistas
nas negociações coletivas, o setor ainda apresenta altos índices de
informalidade e rotatividade”, destaca o texto.