Estudo mostra que brasileiros pobres são mais vulneráveis à depressão

Os
brasileiros pobres e com baixo nível de escolaridade são mais
vulneráveis a doenças como depressão, demência e a outros
transtornos neuropsiquiátricos. É o que revela artigos da uma série
especial produzida pela revista médica inglesa
The
Lancet
sobre a saúde
no Brasil.

A classe pobre fica sujeita ao transtorno por
enfrentar mais adversidades e dificuldades em contorná-las no
decorrer da vida. “Nos centros urbanos, vários estudos mostram que
os de menor escolaridade e renda têm mais depressão que os mais
ricos”, diz o professor de medicina da Universidade de São Paulo
(USP), Paulo Rossi, responsável pela análise dos transtornos para a
série especial.

Apesar dos dados escassos sobre depressão no
país, Paulo Rossi afirma que a doença está associada às condições
de vida, como a situação financeira. Com o aumento do poder
aquisitivo do brasileiro, o especialista acredita que os casos podem
cair nas próximas décadas.

“Imagino que com a melhora econômica da
população, a prevalência de depressão diminua. Mas ainda não
temos como acompanhar se isso está acontecendo”, disse o
especialista. Outros fatores que contribuem para o aparecimento são
casos na família, traumas de infância e outros problemas
familiares.

Segundo a publicação,18,8% dos brasileiros
declararam ter sido diagnosticados com depressão em 2003. O
pesquisador alerta que os profissionais de saúde ainda estão
despreparados para reconhecer a doença. Há seis anos, estudo feito
em São Paulo revelou que apenas 5% dos quadros depressivos foram
identificados pelos médicos em postos de saúde, conforme Rossi.
Alguns dos sintomas são tristeza, queda da autoestima, dores de
cabeça, perda de apetite, ansiedade, irritação e dificuldade de
concentração.

Assim como na depressão, os pobres também correm
mais risco de desenvolver a demência no fim da vida. Devido à baixa
escolaridade, essa faixa da população faz menos “exercícios”
para manter as funções cognitivas do cérebro ativas, como ler
livros, por exemplo. “É imaginar que o cérebro é como um
músculo. Se a gente não usar, a gente perde a capacidade”,
explicou Rossi.

“Temos análises em que fica evidente que um
sujeito que nasceu em área rural, é analfabeto, tem ocupações não
qualificadas e salários baixos tem maior risco de demência, quando
comparado a um que nasceu em centro urbano, estudou, tem ocupação
mais qualificada e renda maior”, acrescentou.

A demência está relacionada à fase idosa. Com o
envelhecimento da população, os especialistas alertam que o
transtorno pode se tornar uma questão de saúde pública no Brasil.
Pesquisas, segundo a revista, indicam prevalência da doença de 5,1%
a 8,8% a partir de 65 anos de idade. “A mortalidade por demência
padronizada por idade aumentou de 1,8 por 100 mil em 1996 para 7 por
100 em 2007”, diz a publicação.

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