“Se todos estão ganhando, trabalhadores também precisam ganhar”, diz Dulci

“Todos os setores da economia estão
crescendo, inclusive o sistema financeiro. E se todos estão
ganhando, por que só os trabalhadores não deveriam ganhar? Os
empresários têm condições de conceder aumentos reais de salário
sem repassar para os preços.” A afirmação foi feita nesta
terça-feira 10 pelo ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência
da República no governo Lula, Luiz Dulci, na abertura da reunião da
Direção Nacional da Contraf-CUT realizada em São Paulo.

Na
análise de conjuntura para os dirigentes sindicais, o mineiro Dulci
fez uma ampla defesa do legado do governo Lula, “que deu certo
porque implantou um novo modelo global de desenvolvimento” que
aliou crescimento econômico, inflação baixa e inclusão social,
derrubando na prática uma série de armadilhas que os defensores do
neoliberalismo dos governos anteriores apregoavam como verdades
absolutas.

Mitos – Uma dessas armadilhas, que
segundo o ex-ministro ainda são defendidas hoje pelos conservadores
e pela oposição, é a de que não é possível crescer com inflação
baixa. “Pelo contrário, o período em que o país mais cresceu
foi quando teve a menor inflação. Essa foi a primeira armadilha
neoliberal que derrubamos”, afirmou.

Para Luiz Dulci, o
governo Lula também jogou por terra outros mitos neoliberais:

>
O de que o Brasil não podia crescer e ao mesmo tempo distribuir
renda. “Não há nenhum setor da economia que não tenha
melhorado. Todo mundo cresceu, só que os 10% mais ricos cresceram
menos e os 10% mais pobres cresceram mais.”

> Exportar
ou atender o mercado interno. “Fizemos os dois. Com
financiamento do BNDES, aumentamos as exportações e ampliamos o
mercado de consumo interno como o país nunca havia experimentando
antes.”

> O Estado atrapalha e o mercado resolve.
“Lula apostou nas empresas privadas onde era preciso e
fortaleceu as empresas públicas, inclusive o Banco do Brasil e a
Caixa Federal, que ajudaram o país a sair da crise aumentando a
oferta de crédito.”

> Ou o Brasil se insere na
economia mundial ou promove o desenvolvimento regional interno. “Os
neoliberais diziam que o preço a pagar pelo desenvolvimento era
sacrificar algumas regiões. Provamos o contrário, realizando o
sonho de Celso Furtado. O Nordeste foi a região que mais cresceu e
está deixando de ser apenas exportadora de matéria-prima para o
centro-sul. Por exemplo, Campina Grande é onde está hoje a
indústria de ponta de microeletrônica”.

> Ou o
Brasil se integra de forma subalterna na nova ordem mundial
globalizada ou vai se isolar no mundo. “Fizemos política
externa soberana, com grande inserção em todo o planeta, e não nos
isolamos. Pelo contrário, ajudamos a organizar o G 20 e os Brics e a
fortalecer as relações Sul-Sul e os fóruns multilaterais.”

> “A última armadilha neoliberal que derrubamos foi
que, mesmo respeitando o Parlamento, deflagramos um processo
importante de participação social nas discussões das grandes
questões nacionais por intermédio do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social e das inúmeras conferências
país afora.”

Inflação – Luiz Dulci, no entanto,
tem consciência de que o Brasil tem ainda imensos problemas, “que
são seculares e estruturais e não podem ser resolvidos em apenas
oito anos”. E acredita que o governo Dilma continuará a avançar
rumo ao desenvolvimento econômico, com inclusão social.

Para
o ex-ministro, os trabalhadores vivem atualmente o desafio de
conquistar melhorias salariais e de condições de trabalho em uma
conjuntura de alta inflacionária. Mas ele advertiu que “a
direita quer criar um clima de inflação fora de controle e
transformar o assunto no centro do debate. Não podemos cair nessa
falsa armadilha de que se deve ter aumento de salário ou controle da
inflação”.

“A ideia neoliberal de que consumo gera
inflação não se sustenta”, atacou o assessor do ex-presidente
Lula. “O consumo pode aumentar, desde que se aumente a
capacidade de produção e de oferta dos produtos.”

Dulci
concluiu sua exposição afirmando que “é um equívoco pedir
que os trabalhadores contribuam com o combate à inflação abrindo
mão de aumento real de salário”. Segundo ele, nenhum
trabalhador quer a volta da inflação, “o que seria um desastre
para os assalariados e os mais pobres”, mas insistiu que “a
inflação brasileira não é de consumo” e que aumento real “só
seria inflacionário se não houvesse crescimento na economia. Mas
todos os setores estão crescendo, e os trabalhadores têm direito a
também ganhar com isso”.

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