Debate sobre reversão de terceirização de call center avança na mesa temática

O Sindicato e a Contraf-CUT participaram nesta segunda-feira,
9, de nova rodada da mesa temática de Terceirização com a Fenaban, em
São Paulo. Durante a reunião com os bancos, os bancários avançaram na
definição de princípios e parâmetros do processo de internalização da
área de call center, escolhida em encontros anteriores como primeiro
foco dos debates.

Os trabalhadores fizeram uma série de questionamentos aos bancos para
uniformizar o entendimento das partes sobre o conceito de call center. A
dúvida surgiu porque, na última reunião, os bancos falaram na
internalização de “atividades de call center em que os trabalhadores
tenham acesso a dados de correntistas e movimentação de contas
correntes”.

“Consideramos pertinente esclarecer se essa definição dada pela Fenaban
está condicionada a todo o call center ou apenas a alguns serviços
realizados pelos trabalhadores desse setor. Entendemos que esse é
principio básico para a discussão”, explica Miguel Pereira, secretário
de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.

A Fenaban reafirmou que no debate entre os bancos a natureza da
atividade é o ponto definidor para a decisão de reverter ou não a
terceirização. Assim, no entender das empresas, serão discutidas as
atividades nas quais o trabalhador tenha acesso aos dados de clientes ou
realize transações que causem impacto nas contas correntes. No entanto,
a Fenaban reconheceu a necessidade de refazer o debate sobre as
especificidades junto aos bancos.

O debate na mesa temática prosseguiu em torno da importância de se
unificar as terminologias utilizadas em cada empresa. “Cada banco
utiliza termos diferentes para se referir às mesmas áreas. O que um
chama de call center, outro chama de telebanco, disk banco,
telemarketing e outras nomenclaturas. É preciso padronizar os termos
para sabermos que se está falando de todos os bancos”, diz Miguel.

Os trabalhadores ressaltaram a importância da reversão nesse setor,
destacando as precárias condições salariais e de trabalho destes
trabalhadores. “Seu rendimento líquido é próximo dos R$ 400, com longas
jornadas de trabalho. Não são todos que recebem vale-refeição e mesmo os
que têm esse direito ganham apenas R$ 4,30 por dia”, ressalta Ana
Tércia Sanches, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo. “Não é
em hipótese alguma admissível uma situação como essa para quem está
falando e produzindo para os bancos”, afirma.

“A reversão da terceirização é importante inclusive para as empresas,
seja pelo lado da responsabilidade social empresarial relacionado às
condições precárias de trabalho, seja pela insegurança jurídica que
estes procedimentos trazem aos bancos, seja por estes trabalhadores
acessarem dados de clientes”, defende Miguel. “Além disso, o tema se
relaciona às questões da mesa temática de Igualdade de Oportunidades,
uma vez que encontramos um perfil de trabalhadores jovens, com presença
grande de mulheres negras e de homossexuais”, conclui.

Informações – Os trabalhadores apresentaram as condições gerais dos acordos já
firmados entre sindicatos e bancos específicos que tratam da reversão da
terceirização nas áreas de call center. Segundo informações
sistematizadas durante reunião dos dirigentes sindicais realizada nesta
manhã, na sede da Contraf-CUT, em todas as situações houve reversão da
terceirização e incorporação dos trabalhadores à categoria bancária,
assegurando-se a aplicação da Convenção Coletiva Nacional (CCT) dos
bancários a todos eles. Houve, de forma geral, contratação específica no
tocante ao trabalho nos finais de semana, uma vez que o setor de call
center funciona 24 horas.

Os bancários avaliaram a reunião como positiva, pois foi possível
apontar claramente a dimensão do debate e os caminhos para a construção
de uma proposta para os trabalhadores desse setor.

“Além disso, reiteramos de maneira enfática o nosso pedido à Fenaban de
mais informações sobre o processo de terceirização, particularmente o
número de trabalhadores envolvidos nessas atividades, até para que
possamos dimensionar o impacto de um possível acordo”, afirma Miguel.
“Temos colaborado com as informações que nos foram solicitadas, mas a
recíproca não tem ocorrido. Toda negociação é baseada nos princípio da
boa fé, mas informações são fundamentais ao processo”, completa.

Uma nova reunião deverá ser realizada no dia 7 de junho, data ainda a ser confirmada.

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