HSBC quer dobrar ativos do private no Brasil em três anos

Valor Econômico
Angelo Pavini

O HSBC mudou o comando de sua área de gestão de fortunas no Brasil.
Helena Freire Mcdonnell deixou a instituição em janeiro e, para seu
lugar, o banco inglês trouxe o uruguaio Gabriel Porzecanski, que
comandava a área private para a América Latina em Miami.

Casado com uma brasileira radicada nos Estados Unidos, Porzecanski está
preparando sua mudança para São Paulo, que inclui os três filhos – dois
deles gêmeos recém-nascidos. Ao mesmo tempo, aperfeiçoa seu português.
“Já aprendi a frase: o Brasil é a bola da vez”, diz, referindo-se ao
potencial do país no segmento private.

A meta do banco é dobrar o volume de ativos sob gestão no private no
Brasil nos próximos três anos, diz o executivo, sem revelar números.
Para isso, pretende ampliar a equipe da área, hoje de 80 pessoas, com
mais 30 executivos voltados para o atendimento aos clientes.

Porzecanski assume a gestão de fortunas no HSBC em um momento de forte
concorrência nesse segmento no Brasil. Bancos estrangeiros que saíram na
crise de 2008, como UBS e Merrill Lynch, estão voltando e remontando
suas equipes, enquanto outros como Citibank, J.P. Morgan, Goldman Sachs e
Credit Suisse investem para recuperar ou ampliar sua fatia de mercado.
Ao mesmo tempo, os grandes bancos locais também se movimentam, caso do
Banco do Brasil e Santander.

O executivo reconhece a maior concorrência e diz que sua estratégia será
usar o diferencial de grande banco global com forte presença local em
várias atividades. “Somos um banco de varejo aqui, atuando em várias
regiões, trabalhamos com empresas no banco comercial e também temos uma
gestora de recursos local muito boa”, diz. Ele cita que o HSBC no Brasil
tem 400 mil empresas como clientes. “Se 10% dos empresários dessas
empresas se tornarem private, teremos 40 mil novos clientes”, diz.

Com 42 anos, Porzecanski traz uma grande vivência internacional.
Formou-se em economia em Israel, depois trabalhou em Hong Kong e em
vários países da Europa. Em 2002, foi para o HSBC em Miami. “Conheço o
private bank de uma maneira global e espero engrenar num mercado de
grande crescimento como o brasileiro”, diz.

Ele cita números da Associação Nacional das Entidades dos Mercados
Financeiro e de Capitais (Anbima), que mostram um crescimento de 23% nos
ativos sob gestão do segmento private em 2010, para R$ 371 milhões em
dezembro, e de 11% no número de clientes, para 63 mil. “Isso dá uma
média de R$ 5,8 milhões por pessoa”, diz.

O HSBC é hoje um dos quatro maiores private banks do mundo considerando
os ativos sob gestão, de US$ 390 bilhões. O total de ativos mundiais da
área cresceu 6% no ano passado, mas o HSBC Private no Brasil cresceu bem
mais, 22%, diz Porzecanski. Só neste ano, até abril, o crescimento do
banco está em 5%, e a meta é fechar 2011 com aumento de 20%, estima o
executivo.

O Brasil é um mercado estratégico para o HSBC, afirma Porzecanski. Ele
cita dados da consultoria Boston Consulting Group que mostram que os
ativos de investidores com mais de US$ 100 mil no Brasil cresceram, de
2004 a 2009, 16% ao ano em média.

Na América Latina, o total de recursos desses investidores atinge US$
820 bilhões, 80% aplicados localmente e 20% no exterior. “E a parcela
local cresce mais que a internacional, o que mostra a importância da
presença dos privates no país”, diz. O Brasil representaria 40% desses
recursos, ou US$ 328 bilhões.

No estudo, os investidores com mais de US$ 5 milhões seriam 45% do
total. Já entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões, seriam mais 25%. “Ou seja,
70% são potenciais clientes private”, afirma Porzecanski. O HSBC Brasil
considera como private clientes a partir de R$ 2,5 milhões.

Porzecanski cita outro estudo, da Ledbury Research, que mostra que os 40
indivíduos mais ricos do Brasil aumentaram sua riqueza em 60% em 2010,
um dos mais altos crescimentos do mundo. A América Latina também
assistiu a um grande crescimento na compra e venda de empresas no ano
passado, movimentando US$ 240 bilhões, 184% mais que os US$ 87 bilhões
de 2009. Desse total, o Brasil respondeu por US$ 151 bilhões. “Isso
demonstra uma grande criação de riqueza”, diz.

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