A maioria dos brasileiros que vivem
em situação de extrema pobreza é negra ou parda, jovem e vive na
Região Nordeste. É o que mostra um levantamento feito pelo governo
federal, com base em dados preliminares do Censo Demográfico de
2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e
estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Com
base nesses dados, o governo estipulou que famílias com renda igual
ou inferior a R$ 70 por pessoa são consideradas extremamente pobres.
O parâmetro será usado na elaboração do plano Brasil sem Miséria,
a ser lançado em breve pelo governo federal.
Nessa situação
de miséria encontram-se 16,2 milhões brasileiros, o equivalente a
8,5 % da população do país. Desse total, 70,8% são pardos ou
pretos e 50,9% têm, no máximo, 19 anos de idade.
O mapa
revela que 46,7% dos extremamente pobres vivem no campo, que responde
por apenas 15,6% da população brasileira. De cada quatro moradores
da zona rural, um encontra-se na miséria. As cidades, onde moram
84,4% da população total, concentram 53,3% dos miseráveis.
Na
Região Nordeste estão quase 60% dos extremamente pobres (9,61
milhões de pessoas). Em seguida, vem o Sudeste, com 2,7 milhões. O
Norte tem 2,65 milhões de miseráveis, enquanto o Sul registra 715
mil. O Centro-Oeste contabiliza 557 mil pessoas em situação de
extrema pobreza.
Quanto ao sexo, a miséria atinge mulheres e
homens da mesma forma: 50,5% contra 49,5% respectivamente. No
entanto, na área urbana, a presença de mulheres que vivem em
condições extremas de pobreza é maior, enquanto os homens são
maioria no campo.
A análise dos dados revela também que,
além da renda baixa, a parcela da população em extrema pobreza não
tem acesso à serviços públicos, como água encanada, coleta de
esgoto e energia elétrica. Estima-se, por exemplo, que mais de 300
mil casas não estão ligadas à rede de energia elétrica.
“Quanto
menor é a renda das pessoas, maior é a proporção de pessoas que
não têm acesso ao abastecimento de água potável. Quanto menor a
renda, maior a proporção da população que não tem banheiro
exclusivo no domicilio. Na área rural a situação é mais
recorrente”, afirmou o presidente do IBGE, Eduardo Nunes.
A
ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza
Campello, afirmou que o plano Brasil sem Miséria, que visa a acabar
com a pobreza extrema no Brasil até 2014, será uma combinação de
políticas de transferência de renda e de capacitação profissional
com ampliação dos serviços ofertados pelo Estado.
“Não
se trata de novos programas, mas um olhar para esse público. Não
vamos fazer um chamamento, mas garantir que o Estado chegue a essa
população”, disse a ministra, acrescentando que vários
programas atuais serão mantidos, como o Bolsa Família.
O
plano deve ser lançado em breve pela presidenta, Dilma Rousseff.
Segundo a ministra, é possível erradicar a pobreza extrema nos
próximos quatro anos. “É um esforço dos governos federal,
estaduais e municipais. É uma força-tarefa”, disse. Tereza
Campello explicou ainda que a renda familiar estipulada para definir
a faixa de extrema pobreza será ajustada no decorrer dos
anos.
Hoje, dos 16,2 milhões de extremamente pobres, 4,8
milhões de brasileiros não têm rendimento. O restante (11,4
milhões) tem renda que varia de R$ 1 a R$ 70.