O Instituto de Defesa do Consumidor
(Idec) divulgou nesta quinta-feira 28 o resultado da Pesquisa sobre
Responsabilidade Social Empresarial dos Bancos que realizou com as
cinco maiores instituições financeiras que atuam no país. A
Contraf-CUT, que ajudou o Idec na formulação do questionário da
pesquisa, participou do lançamento do estudo, em seminário
realizado na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.
O Idec
dividiu o estudo em três blocos (consumidores, trabalhadores e
financiamentos), que foram subdivididos em temas. A categoria
trabalhadores, por exemplo, foi subdividida em liberdade e negociação
sindical, código de ética e de conduta, direitos e benefícios,
condições de trabalho, diversidade e inclusão. A Contraf-CUT
participou da elaboração do questionário e da análise das
respostas dos bancos sobre esse tema.
Os outros dois blocos
(consumidores e financiamentos) contaram com a avaliação,
respectivamente, do Idec e da Fundação Amigos da Terra.
O
Idec enviou questionários para os seis principais bancos (Banco do
Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Caixa Econômica Federal
e HSBC). Exceto o HSBC, os demais responderam à pesquisa.
Todos
os resultados detalhados estão disponíveis no site Guia dos Bancos
Responsáveis (www.guiadosbancosresponsaveis.org.br), onde é
possível comparar o desempenho das instituições financeiras em
cada tema ou na pontuação geral. O site também dá a opção de
envio de um “cartão amarelo” para o banco com nota ruim em
algum quesito (uma mensagem que é enviada diretamente para a direção
do banco escolhido).
Mais transparência – “A
pesquisa do Idec é uma iniciativa muito importante, porque mostra a
grande contradição que existe entre o discurso e as campanhas de
marketing e as práticas dos bancos”, avalia Carlos Cordeiro,
presidente da Contraf-CUT, que participou como palestrante do
lançamento da pesquisa (foto).
Em sua exposição, Carlos
Cordeiro apontou várias dessas contradições, entre elas o uso dos
interditos proibitórios por parte dos bancos, o que é um flagrante
desrespeito ao direito constitucional de greve; o fato de a Fenaban
ter impedido judicialmente a Contraf-CUT de divulgar pesquisa sobre
segurança bancária; e a falta de transparência dos balanços das
instituições financeiras, que tem como um dos objetivos reduzir o
valor da PLR.
Maria Elisa Novais, gerente jurídica do Idec,
criticou em sua exposição as relações entre os bancos e os
clientes. “O fato é que existe muita venda casada, a venda de
planos de aposentadoria para idosos, os bancos não orientam clientes
sobre serviços essenciais, não disponibilizam contratos, violam o
Código de Defesa do Consumidor e as normas do Banco Central,
realizam muita negativação indevida e os contratos têm muitas
cláusulas abusivas.”
A oportunidade de diálogo aberto
entre todas as partes envolvidas – trabalhadores, clientes e bancos –
foi ressaltada. Mas a coordenadora Executiva do Idec, Lisa Gunn,
alertou para os perigos do diálogo sem resultados práticos.
“Dialogar é importante, fundamental, mas as ideias não se
sustentam sem avanços concretos no caminho da verdadeira
responsabilidade socioambiental. Mais do que compromissos assumidos
nós precisamos de resultados”, afirmou, pouco antes de encerrar
a última mesa de debates.
“É importante que essa
iniciativa do Idec continue e seja aperfeiçoada, visando dar maior
transparência nas ações de responsabilidade social dos bancos”,
conclui o presidente da Contraf-CUT.