Copom cede à chantagem do mercado e compromete crescimento e empregos

Apesar de contrariar parcialmente o mercado
financeiro, que nas últimas semanas vinha exercendo forte pressão
para uma elevação maior da taxa básica de juros, na opinião da
Contraf-CUT a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de
aumentar a Selic em 0,25% é um grave equívoco que comprometerá
ainda mais o crescimento econômico deste ano, com implicações
negativas na geração de emprego e na renda dos trabalhadores.

“O
Banco Central mais uma vez cedeu à chantagem do mercado financeiro,
que faz terrorismo com o risco inflacionário e com suposto
descontrole das contas públicas, mesmo com a redução do ritmo de
geração de empregos em março, o que indica desaceleração de
importantes setores da economia, e do superávit fiscal de R$ 40
bilhões nos primeiros três meses do ano”, critica Carlos
Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

A taxa Selic chega agora
a 12% ao ano, a mais alta do mundo e três vezes superior à do
segundo colocado, a Turquia. Projeções indicam que o Brasil deverá
gastar R$ 230 bilhões com juros da dívida pública em 2011, o
equivalente a 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB), quase seis vezes
os R$ 40,1 bilhões destinados ao Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) e 15 vezes os R$ 15,5 bilhões orçados para o
Bolsa Família.

Somente o 1,25% de elevação da taxa Selic
decretada este ano pelo Copom representa aproximadamente R$ 18,5
bilhões de aumento da dívida pública.

“Esse é o mais
nefasto programa de transferência de renda da sociedade brasileira
para os rentistas detentores de títulos da dívida pública. Por
isso, o Brasil é a sétima economia mundial e um dos dez países com
a pior distribuição de renda”, afirma Carlos Cordeiro. “É
uma negação absoluta dos compromissos assumidos pela presidenta
Dilma Roussef de que pretende em seu governo acabar com a miséria e
levar o Brasil a taxas de juros civilizadas, próximas dos países do
Primeiro Mundo.”

Segundo dados do Tesouro Nacional, do
total da dívida pública brasileira, 30,2% estão diretamente nas
mãos dos bancos e 37,7% em posse dos fundos de investimento, a
maioria dos quais controlados pelas instituições financeiras.
Outros 14,4% estão em poder dos fundos de pensão e 11,6% de
não-residentes no país.

Os seis maiores bancos que operam no
país (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santander, Caixa e HSBC)
apresentaram em 2010 lucro líquido superior a R$ 43 bilhões, uma
média da rentabilidade sobre patrimônio líquido de cerca de 25%.
Além dos juros, têm sido beneficiados pelos mais altos spreads (a
diferença entre a taxa de captação e de empréstimo) do
mundo.

“Em vez de ceder às chantagens, o Bacen precisa
ter coragem de enfrentar o sistema financeiro e interromper esse
fluxo de transferência de renda para os mais ricos”, propõe o
presidente da Contraf-CUT. “Uma medida necessária é a
ampliação do Conselho Monetário Nacional, de forma a contemplar a
participação da sociedade civil organizada, para que o Banco
Central, além das metas de inflação, possa também fixar metas
sociais, como o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores e a
redução das desigualdades sociais do país.”

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