Um dia depois do
protesto dos bancários do Itaú que agitou o país inteiro, o banco
aceitou retomar as negociações com o Sindicato e marcou uma reunião
para a próxima quarta-feira, dia 27, às 10h, em São Paulo. No
encontro, o Sindicato vai cobrar o fim imediato das demissões que
vêm ocorrendo em várias regiões do país, inclusive Pernambuco, e
esclarecimentos detalhados sobre o reajuste unilateral de até 24,61%
no plano de saúde.
Para o diretor do Sindicato, João Rufino,
a retomada das negociações com o banco é fruto da forte
mobilização dos bancários, que realizaram nessa terça-feira 19 um
Dia Nacional de Lutas. “Só aqui em Pernambuco, o Sindicato parou
cinco agências e contou com o apoio massivo dos bancários e
clientes. Os protestos deram resultado, o Itaú sentiu o
descontentamento dos seus funcionários e marcou a negociação com o
Sindicato”, diz Rufino.
As demissões – Desde
janeiro, o banco Itaú tem demitido bancários que trabalham como
caixas e gerentes operacionais em diversas regiões do país. Só
aqui em Pernambuco, o Sindicato já recebeu 17 trabalhadores para
homologação das demissões, fora as que não foram homologadas na
entidade.
Somente nestes primeiros dias de abril, o banco já
botou na rua oito bancários pernambucanos, apesar do lucro recorde
do banco e do compromisso de que não haveria redução de
mão-de-obra no processo de fusão.
“O banco está
demitindo até funcionários que sofreram acidentes de trabalho e que
estão com CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) aberta. Já
fizemos, inclusive, denúncias ao Ministério Público e ao Cremep
(Conselho Regional de Medicina) contra o Itaú por perícia
fraudulenta. Até deficientes físicos estão sendo demitidos, embora
o banco não cumpra nem a cota prevista por lei”, destaca
Rufino.
Plano de saúde – No dia 25 de março, os
bancários do Itaú foram surpreendidos com o reajuste de até 24,61%
do convênio médico efetuado na folha de pagamento sem qualquer
comunicação prévia ao movimento sindical.
O acordo que
unificou os convênios médicos foi construído ao longo de um
intenso processo de negociação entre as partes e assinado em 24 de
fevereiro de 2010. A validade era de um ano. Porém, ficou acertado
que qualquer modificação com o plano de saúde deveria ser
previamente anunciado aos trabalhadores e movimento sindical, o que
não aconteceu.
“Não vamos aceitar este reajuste, até
porque não foi negociado nada com o Sindicato. Precisamos dos dados
detalhados para entender o porquê deste aumento”, comenta Rufino.
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