Reforma agrária é excluída, mas Marcha aprova promessas de Dilma

Camponesas
em marcha por Brasília lamentam que presidenta Dilma Rousseff não
tenha assumido compromisso com autalização dos índices de
produtividade no setor rural. Mas ficaram satisfeitas com respostas
concretas dadas por Dilma a mais de 150 reivindicações. Negociações
com governo vão continuar, prometeu presidenta.

Os anúncios
feitos pela presidenta Dilma Rousseff no encerramento da Marcha das
Margaridas, nesta quarta-feira (17/08), foram festejados pelas
manifestantes. Mas elas consideram que as reivindicações mais
importantes foram ignoradas: a atualização dos índices de
produtividade para fins de reforma agrária e o crédito rural para
mulheres tendo o governo federal como avalista.

No discurso,
a presidenta disse ter determinado à equipe que faça um diagnóstico
sobre todos os assentamentos existentes no país, para que seja
possível decidir o que fazer em termos de reforma agrária. Mas nada
além disso.

Havia entre as camponesas organizadas pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag)
grande expectativa quanto às respostas do governo, já que, pela
primeira vez na história brasileira, a Presidência da República é
ocupada por uma mulher – uma “margarida”, como a própria Dilma
se definiu.

A pauta da mobilização continha mais de 150
itens, os quais tratavam de saúde, educação, reforma agrária,
agroecologia e enfrentamento da violência contra a mulher. Ministros
do governo haviam recebido o documento um mês antes.

O
otimismo em relação à resposta do governo era alimentado pela
presença de Dilma na cerimônia de encerramento da manifestação, a
quarta da história das margaridas. As lideranças faziam questão de
frisar que a presidenta, “uma mulher de luta”, seria
sensível às demandas das trabalhadoras rurais.

Além disso,
durante a cerimônia de abertura na véspera, a ministra da
Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Iriny Lopes, disse
que alguns dos itens acordados para serem cumpridos ao longo dos
quatro anos de mandato poderiam ser antecipados por Dilma.

A
ansiedade das camponesas que esperavam pela presidenta aumentou com o
atraso da cerimônia. Marcada para as 15h da quarta-feira, começou
apenas às 17h, horário em que estava prevista a saída de várias
delegações. Tanto que ao longo da espera, alguns manifestantes
cantavam: “Dilma, cadê você? Eu vou embora sem ver você”.

Muitas margaridas estavam exaustas depois de um dia inteiro
de caminhada até o Congresso Nacional, onde um grande ato foi
realizado.

Quando Dilma chegou, muitas trabalhadoras
começavam a deixar a Cidade das Margaridas rumo aos ônibus que os
levariam de volta a seus Estados. O fim do discurso presidencial foi
visto por um plenário mais esvaziado.

Quem ficou até o fim,
comemorou quando Dilma listou algumas das reinvindicações
atendidas. Elas souebram que o governo vai reforçar a escrituração
conjunta de terrenos, tanto derivados de assentamento de reforma
agrária quanto de propriedades adquiridas com crédito fundiário.

A documentação das mulheres rurais – um ponto sensível, já
que muitas têm acesso a benefícios previdenciários – também foi
contemplada, com a criação de centros na Amazônia.

Quando
Dilma falou nas políticas de enfrentamento à violência contra a
mulher, causou agitação entre as manifestantes. A questão mexe com
os ânimos das organizações de mulheres e estava entre as
prioridades da pauta da Marcha das Margaridas. Mas o anúncio de
Dilma foi considerado tímido: apenas 10 unidades para atendimento de
mulheres vítimas de violência.

Alguns manifestantes também
criticaram a ausência de posicionamento, no discurso da presidenta,
sobre a questão dos agrotóxicos. A única menção foi à
realização de um estudo sobre efeitos desses produtos na saúde
humana. Mas nada sobre regulação de seu uso, nem sobre a
reformulação na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CNTBio).

O que não possível contemplar agora, Dilma disse
que continuará sendo negociado até o próximo do governo com as
margaridas, em outubro.

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