A chantagem dos bancos para subir os juros

O fim de ano é um tempo fértil para fazer previsões. Nos últimos dias, a
Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou que o crescimento de
2011 será bem menor (4,5%) do que o deste ano, que o fantasma da
inflação é uma ameaça e que os juros, inevitavelmente, terão de subir. A
profecia foi logo endossada por vários colunistas de plantão. É um coro
muito bem ensaiado.

O que, na verdade, está ocorrendo é que os bancos e seus porta-vozes
estão fazendo chantagem com a sociedade para tentar emparedar o governo,
a fim de tirar mais uma lasquinha e aumentar ainda mais os seus lucros
astronômicos. Só nos primeiros nove meses deste ano, eles lucraram cerca
de R$ 32 bilhões. Nenhum outro setor da economia ganhou tanto dinheiro.

O mito da inflação ameaçadora não resiste aos fatos. Segundo relatório
do Dieese, a inflação dos últimos meses está relacionada à elevação dos
preços de poucos produtos agrícolas, que tiveram problemas de oferta em
razão de fatores climáticos e sazonais. Análise idêntica foi feita pelo
Banco Central. Não houve explosão do consumo acima da capacidade da
economia. Os produtos consumidos não tiveram elevação significativa.
Alguns deles até tiveram deflação nos últimos 12 meses.

É importante frisar que tanto os bancos quanto seus formadores de
opinião são experts em fazer previsões erradas. Só para recordar: a
Febraban previu taxa Selic de 10,84% no final de 2009, mas ficou em
8,75%. Apostou no crescimento do PIB de 4,15% no ano passado. Foi de
-0,64%.

Quanto à inflação, os bancos prognosticaram índice de 4,48% para 2008.
Chegou a 5,90%. Ainda mais gritante: a Febraban apostou em fevereiro
deste ano que o PIB de 2010 cresceria 5,3%. Tudo indica que será
superior a 7%.

A taxa Selic é um componente importante no lucro dos bancos. Eles querem
ganhar ainda mais de maneira fácil, às custas do desenvolvimento
econômico e social do País. O Brasil precisa de outro sistema
financeiro, com as pessoas em primeiro lugar.

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