Chaves, nosso velho sábio, conselheiro, professor…
por que
desististes de viver?
Tu, que andastes sempre entre o abismo e o
vôo…
Tu, que equilibrastes em cada palma da mão a sensatez e o seu
reverso…
Tuas análises políticas, tuas coerentes observações, tua
militância… tudo isso fazem de ti mais que um intectual ou professor.
Fazem
de ti um companheiro de luta.
Falhamos contigo, camarada.
Não
se abandona um soldado ferido no campo de batalha.
Nós o fizemos.
Deixamos
tua alma sangrar
e sequer percebemos a extensão de tua dor.
Falhamos
contigo, camarada.
Jamais acreditamos que tinhas sido ferido em teu
ponto mais vulnerável:
a esperança
e a auto-estima.
Soube
que terias alta hoje.
Voltarias à vida,
retornarias ao mundo.
Teu
coração não aceitou este retorno.
É que teu corpo se recuperara, mas
a alma ainda sangrava.
Espero que agora, onde quer que estejas,
que estejas inteiro.
E que nos perdoes, companheiro!
Que tua
viagem nos sirva de exemplo para que não deixemos que a rotina e dureza
do mundo transforme em pedras nossos corações.
Janildo Chaves foi professor de história e
geografia em mais de dez escolas do Recife. Também foi supervisor de
projeto na Fundação
Nacional do Bem Estar do Menor – Funabem e assessor do Sindicato dos
Químicos, Associação dos Panificadores de Pernambuco. Assessorou o
Sindicato dos Bancários de Pernambuco durante mais de dez anos.