Jarbas Vasconcelos, vocês lembram, é
aquele senador que, com indignação à altura da revista Veja, um dia
afirmou nas páginas amarelas que o Bolsa Família servia apenas para
gerar malandros ou incentivar as pessoas do povo para a vadiagem. E como
prova declarou que conhecia um garçom que deixara de trabalhar pra
viver da “bolsa esmola” de Lula. clique
aqui
Naquela
altura, o bravo senador era um varão de Plutarco, segundo as páginas e
imagens da imprensa amarela em inglês e marrom no Brasil. Indignado, ele
protestava contra os desonestos, bandidos e ladrões do seu partido, a
falar para o Jornal Nacional e a Folha de São Paulo… Paro um pouco pra
notar que escrevi “bandidos do seu partido” num ato falho. Isso pode
ser interpretado como bandidos da laia do insigne senador, mas tal não
foi minha intenção, creiam: quis apenas dizer “bandidos” que existem no
partido onde o senador ainda se encontra, o PMDB. Entendam.
Então? como
perguntam os paulistas. Então, meus pacientes amigos, o senador
apresentou ontem a sua última declaração, devo dizer, a declaração
atualizada de bens ao TRE de Pernambuco:
“Jarbas Vasconcelos – Candidato a
Governador
– Obras de arte (jóias, quadros, objetos de arte) –
R$198.217,20
– Camarote nº1 do Estádio Adelmar
da Costa Carvalho – R$11.254,68
– Casa no Rosarinho – R$100.000,00
– Apartamento
Pier Mauricio de Nassau – R$130.000,00
– Saldo Conta Corrente Banco Real –
R$547,24
– Saldo Conta Corrente Banco do
Brasil – R$1.441,60
– Casa no Janga – R$120.000,00
– Conta
Corrente Banco do Brasil – R$341,98
– Automóvel Peugeot, fab.2009 mod.
2010 – R$35.690,00
– Banco Santander Real fundo de
investimento renda fixa – R$215.296,30
– Apartamento Pier Mauricio de
Nassau ( a ser pago em parcelas) – R$ 403.771,85”
Para dizer o
mínimo, a declaração acima, assim como aquela sobre o garçom malandro,
peca pela falta de verossimilhança. Ainda que por lei os candidatos não
sejam obrigados a fornecer uma cópia da declaração de Imposto de Renda à
Justiça Eleitoral, nós, comuns mortais, bem que podemos comparar os
valores declarados com os do mundo real. Em se tratando de Jarbas
Vasconcelos, paladino da boa moral, o que dizer do que ele afirma e
firma? Primeiro, na sua declaração a parcela real é maior que o todo da
soma de Plutarco. A saber: os dois apartamentos valem, no mundo imoral
dos imóveis, algo em torno de 1.700.000 reais. Informações da Moura
Dubeux, clique aqui. Esses dois apartamentos dignos de um senador vão
além do total 1.216.560,85 informado acima. É natural, eles estão no
mais alto prédio do Recife, digamos.
Segundo, na parcela obras de arte
então, Jarbas Vasconcelos dá um show de modéstia. Ou de esquecimento.
Montaigne ensinava que a primeira qualidade do mentiroso é ter boa
memória. Pelo visto, Jarbas Vasconcelos leu e esqueceu a lição. Pois no
que ele declara como 198 mil reais existem mais que bois e bonecos do
mestre Vitalino. Em artigo publicado na revista Continente, pudemos ver
que nas paredes de sua casinha no Rosarinho (que ele avalia em cem
milzinhos), existem quadros de João Câmara, Reynaldo Fonseca, Cícero
Dias, Siron Franco, Vicente do Rego Monteiro e Aldemir Martins. Bom
gosto, reconheçamos, mas um só Vicente do Rego Monteiro e um modesto
Cícero Dias, por exemplo, podem custar mais que 198 mil cangaceiros de
barro. Mas o nobre senador esqueceu.
Na sua declaração ao TRE, o ínclito
Jarbas só perdeu mesmo para o deputado federal Raul Jungmann, candidato
a senador na sua chapa (de Jarbas). Raul, o ex-comunista da escola de
Roberto Freire, declarou possuir bens num total de…. 17 mil reais.
Notem que Raul recebe salários acima de 20 mil reais há dois mandatos e
não tem, coitado, sequer uma casa pra morar, nem mesmo um fusca pra
chamar de seu.
Dizer o quê diante desse modelo de
pobreza, honra e virtude? – Para o PPS e assemelhados o cinismo não
mata.