Nota da CUT diz que juro alto sangra o país e inviabiliza desenvolvimento

A
elevação das já mais altas taxas de juros do mundo – o triplo da
segunda colocada, a Austrália -, sangra o país e inviabiliza o
Orçamento público, criando graves obstáculos ao desenvolvimento
nacional e comprometendo seriamente o emprego, a renda e os
investimentos sociais.

Vale lembrar que enquanto nos EUA e na
Europa os juros são negativos, no Brasil, apenas em 2010, esta
drenagem de recursos à especulação financeira alcançou a
escandalosa cifra de R$ 195 bilhões, superando em cerca de 15 vezes
a verba destinada ao Bolsa-Família. Assim, atraídos pelos juros
altos, os dólares inundam o país, valorizando artificialmente o
real, impulsionando as importações, dificultando as exportações e
alavancando as remessas de lucros pelas multinacionais – 80 bilhões
de dólares, só no ano passado.

Salário não causa
inflação –
Diferente do apregoado pelo pensamento neoliberal
expresso pela grande mídia e seus “analistas econômicos”,
salário não causa inflação; o que a alimenta é a ganância de
especuladores e empresários que aumentam os preços, mas não
diminuem suas margens de lucro.

Como neste momento a ameaça
inflacionária está sendo importada em grande parte da especulação
de alimentos, defendemos que seria muito mais lógico – e prudente –
o governo enfrentar o problema por meio da ampliação do crédito e
dos investimentos para o setor agrícola, garantindo o retorno da
política de estoque regulador. Do contrário, continuaremos presa
fácil da irracionalidade da lógica do “mercado”, cada vez
mais controlado por um pequeno número de empresas e países.

Da
mesma forma, torna-se necessária uma reforma tributária que
desonere os investimentos, fomentando a produção e a geração de
emprego. Elevar a oferta e rebaixar custos é parte essencial do
combate estrutural à inflação.

Democratização do CMN –
Finalmente, é preciso ampliar e democratizar o Conselho
Monetário Nacional (CMN), que deve passar a ser integrado por
representantes dos trabalhadores e do setor produtivo, com a inclusão
de duas novas metas sociais: a de crescimento econômico e
desenvolvimento sustentável com emprego decente. Tais medidas são
imprescindíveis para oxigenarmos o Conselho, deixando-o menos
vulnerável às chantagens do “mercado”, e transformando-o,
efetivamente, num instrumento da sociedade para combater as imensas
desigualdades ainda existentes em nosso país.

Artur Henrique,
presidente nacional da CUT

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