Os bancários e as bancárias da Caixa e do Banco do Brasil, além
dos problemas recorrentes, como extrapolação de jornada, condições de
trabalho ruins e metas muitas vezes abusivas, têm vivido dias de
ansiedade e insegurança.
Há algum tempo, nesses dois bancos o assunto mais freqüente é a
“reestruturação”. Todos falam nas mudanças, em fusão, diminuição,
extinção de áreas, transferências, corte de comissões e redução
salarial.
Desde o final da campanha salarial 2009, com várias pendências
específicas, retomamos as negociações permanentes e as mesas temáticas.
Mas esse espaço democrático, tão caro para nós, parece não ter o mesmo
valor para os representantes da direção do BB e da Caixa.
Não temos ainda avanço nos pontos-chave, como Plano de Cargos,
Salários e Comissões, nem soluções para problemas dos planos de saúde
(Cassi e Saúde Caixa). Pior, não temos resposta a todos esses anseios do
funcionalismo.
Entendemos que mudanças nos processos de uma empresa têm que
ser debatidas com aqueles que pensam, conhecem e executam o trabalho, e
com as entidades que representam os trabalhadores. Eventuais alterações
devem ser transparentes, e não de forma unilateral, autoritária e com
clima de terror.
De forma completamente equivocada, num processo cruel, a
direção desses bancos tenta dividir os trabalhadores. Valoriza o
individualismo, aterroriza, intimida. Premia aqueles que, segundo sua
lógica, têm “compromisso” com a empresa e pune aqueles que ousam se
rebelar e lutar por seus direitos.
De forma contraditória propaga “que é a melhor empresa para se
trabalhar” e desrespeita o processo negocial e as entidades
representativas, ferindo a democracia conquistada a tão duras penas. Que
manual de recursos humanos é esse que prega o diálogo e semeia a
insegurança para impor o que julga correto?
Em Pernambuco, infelizmente, temos casos concretos de todo esse
terror anunciado. No BB- Gecex – Gerência de Comércio Exterior – há
descomissionamentos com características claras de perseguição política.
Na Caixa- Gifus – Gerência de Fundos Sociais – ocorreu
fechamento de uma área inteira, a partir de julho, afetando cerca de 35
pessoas. Cada uma delas, além de ficar sem comissão, terá que “procurar”
um lugar para trabalhar, não sem antes cumprir todas as suas metas.
Mas esse filme nós já conhecemos e sabemos muito bem como
atuar. Nossa mobilização e organização é que vão dar o tom da
resistência e de nossos avanços.
Lembro
agora de uma história dos anos 90 das reuniões dos delegados sindicais,
quando eu, recém-chegada à Caixa, representava a agência Caxangá. “Um
grupo de pessoas estava num barco, num rio, prestes a cair numa grande
queda d´água. Alguns simplesmente se conformaram esperando o inevitável.
Outros se lamentaram, choramingaram e xingaram tudo e todos. Mas alguns
se juntaram e convenceram outros tantos e remaram com todas as suas
forças, de forma organizada e conjunta, conseguindo evitar que todos
despencassem.” Tenho certeza de que os companheiros e as companheiras do
Banco do Brasil e da Caixa, mais antigos ou mais novos continuarão a
fazer parte do terceiro grupo. Dos lutadores e solidários.